quarta-feira, 1 de maio de 2013

O ultimo dia -Capitulo 16






Você é o melhor ser humano entre os piores que já conheci. Ou o pior entre os melhores. Não sei. Sei que eu inexplicavelmente estou na tua e você sabe disso.
Gabito Nunes.
Eu ainda estava deitada, os braços em baixo da cabeça, a mente longe. Uma brisa fria entrava pela janela fria do segundo andar. Tentei mais uma vez criar coragem e levar, ver o que estava acontecendo lá em baixo, mas cada parte do meu corpo se recusava a fazer isso.

Bill tinha me deixado ali a meia hora atrás. Todos na casa estavam mobilizados para encontrar Edward, ofereci ajuda, mas Jessica disse que eu já tinha ajudado o suficiente, com a voz cheia de acusação. Encolhi-me mais no colchão ao lembrar daqueles olhos negros me olhando com  desaprovação.

O Sol já estava alto no céu quando eu decidi eu bastava de sentir pena de mim mesma. Vesti a calça jeans e um moletom limpo que Lay tinha me dado na noite anterior. Podia ouvir conversas abafadas e pessoas caminhando no andar de baixo.

Desci as escadas em silêncio e prossegui pela pequena sala. Parei bruscamente quando estrava na cozinha. Bill estava falando, sussurrando seria mais apropriado. Aproximei-me da parede a apurei os ouvidos.

-...Precisamos contar. – Lay disse com a voz infantil destorcida por alguma coisa. Choro.

-Eu sei, eu sei. – Bill levou as mãos à cabeça e começou a andar pela pequena cozinha, sua cabeça quase alcançando o teto baixo.  –Eu só não sei como contar para Mel.

Prendi a respiração e esperei ele dizer mais alguma coisa. A raiva crescendo destro de mim. Entrei na cozinha um segundo depois.

-O que você não sabe como contar para mim, Bill? – Os olhos de todos estavam em mim naquele momento, mas pela primeira vez não me importei. Bill permanecia em silêncio e isso só fazia minha raiva aumentar. –Bill?

-Eu...

-Bill?

-Não é nada.

-BILL!

-O garoto. Ele chegou muito perto da cidade... –As palavras saiam rápido de sua boca e pareciam quebra-se no chão enchendo meus ouvindo. Ele suspirou fundo antes de continuar, parecia cansado.  –Ele está mosto.

O chão parecia ter se aberto abaixo dos meus pés. As lágrimas queimavam nos meus olhos, dei alguns passos para trás para encontrar a segurança da parede novamente, a casa toda parecia tremer. Fechei os olhos e lá estava o garotinho, assustado, perdido, morto.  Pobre criança perdida.
Minha culpa. Tudo minha culpa.

Bill se aproximou e tocou meu rosto limpando as lágrimas. Recuei.

-Não toque em mim. –Disse com a voz destorcida.

Obriguei minhas pernas a me obedecer e subi as escadas o mais rápido possível. Eu não queria ver aquelas pessoas, não queria ser vista. A censura estava estampada no rosto de cada um. 

-Ela só precisa de um tempo, criança. –ouvi Abigail falar com a voz gentil quando alcancei o topo da escada.

Ela não costumava se posicionar sobre nenhum assunto, estava sempre calada, mas sempre disposta a ajudar qualquer um que precisasse. Como uma avó. Seu rosto era enrugado, cansado e emoldurado por cabelos brancos que ela mantinha presos em um coque no alto da cabeça. Sua expressão era sempre doce.


Entrei no pequeno banheiro e bati a porta. Observei minha imagem e refletida no espelho.

Assassina, disse para o meu reflexo.

Agachei-me atrás da porta e permaneci lá por minutos, horas, o tempo não parecia passar. Eu estava cansada, mas não queria dormi. Sabia que aquele garotinho estaria nos meus sonhos assim que fechasse os olhos.

Alguém bateu na porta. Ignorei. Mais uma batida, dessa vez mais forte e impaciente. Permaneci quieta e a pessoa forçou a fechadura com mais força ate ceder. Não se pode confiar em fechaduras velhas e enferrujadas.

Bill entrou no banheiro e bateu a porta atrás de si. Ele sentou-se ao meu lado e cruzou os braços, por um longo momento não disse nada.

-Já acabou? –Ele perguntou com a voz dura. Ergui uma sobrancelha com quem pergunta do que ele estava falando. – Eu ia te contar. Precisava de um tempo, porque sabia que você ia reagir exatamente assim, Mel.

-Eu pensei que podia confiar em você. E na primeira vez oportunidade você me fez de idiota. Disse que me amava.

-E amo! E não entendo porque está reagindo assim.

-POR QUE VOCÊ NÃO IA ME CONTAR, BILL! –Deixei que toda minha raiva, frustação e culpa caísse sobre ele como uma montanha de lixo. Não queria ouvi-lo, não queria vê-lo, porque sabia que um minuto olhando para aqueles olhos e toda a minha raiva estaria reduzida a nada e eu precisava sofrer.  Parecia justo com Edward que eu sofresse por tê-lo feito sofrer.

-Quer que eu saia? –Ele perguntou depois de um minuto. A voz assumindo o tom de sempre, calmo, suave, quase cantado.

-Sim. –Eu não queria realmente.

-Eu te amo.

Bill continuou parado na minha frente mais um instante, talvez esperasse ouvir que eu o amava e que só precisava de um tempo para pensar. Abri a boca para dizer tudo isso, mas a palavras caíram mortas no chão sem nunca serem pronunciadas.  Respirei fundo e tentei novamente:

-Me desculpe. –Foi tudo o que consegui.

Bill abaixou-se novamente e abraçou meus ombros, deitei a cabeça no seu peito e chorei novamente ate encharcar o colarinho da sua blusa.

-Não foi culpa sua. –Ele repetia, mas acreditar nessas palavras era impossível.

Parecia ter se passado uma eternidade quando levantei a cabeça e toquei levemente seus lábios.  Ele me prendeu mais contra seu corpo e se aprofundou no beijo, seu gosto estava nos meus lábios e me fazia querer mais.


-Desculpe. –Disse ofegante.

Bill segurou minha mão e me ajudou a levantar, depois me prendeu contra a parede. Joguei os braços em volta do seu pescoço e o prendi em um abraço, ele segurou minha cintura e pressionou os quadris contra os meus.

Suas mãos escorregaram pelas minhas costas, por baixo do moletom, e seus dedos se prenderam no fecho do meu sutiã.

-Sabe, eu dei um jeito no nosso pequeno problema de controle de natalidade. –Bill disse sorrindo enquanto tirava um pequeno envelope preto do bolso. Camisinha.

Um pequeno sorriso se formou no meu rosto antes que eu pudesse evitar. Era isso que eu gostava nele, ele me fazia sorri, me fazia sentir-se boba como uma adolescente apaixonada, mas também me fazia sentir amada.

O empurrei para trás e tirei o moletom. Bill sorriu novamente.  Tirei a calça jeans e se seu sorriso aumentou.

-Sua vez. –Eu disse rindo.

-Não, eu espero você termina. –Bill disse se recostando na pia.

-Sem gracinha, Kaulitz.

Ele começou a abrir botão por botão da blusa enquanto eu seguia seus dedos com o olhar.

-Não quer ajudar?

Mordi o lábio inferior. Aproximei-me novamente. Seus olhos estavam em mim enquanto eu terminava de tirar sua blusa e joga-la no chão com as mãos tremulas. Percebi que nunca quis tanto ter uma pessoa como eu queria tê-lo naquele momento.