terça-feira, 26 de março de 2013

O ultimo dia -Capitulo 10


Porque amor é justamente isso, é ficar inseguro, é ter aquele medo de perder a pessoa todo dia, é ter medo de se perder todo dia. É você se ver mergulhado, enredado, em algo que você não tem mais controle.
Fabrício Carpinejar.


Estávamos a poucos quilômetros de Chicago, 5 talvez, Bill dormia no banco ao meu lado, a foto da garota morta entre os dedos. Chequei o ponteiro que marcava o nível de gasolina pela décima vez em  menos de meia hora, não teríamos o suficiente para chegar a cidade. Olhei ao redor, nenhum carro por perto ou casa, nada além de asfalto e árvores por quilômetros.

Bill se mexeu ao meu lado. Ele estava calado desde que deixamos Giovanni, o conhecia o bastante para saber que aquilo significava apenas o quanto ele estava chocado. Não tinha sequer notado que Bill tinha pegado a foto da garota ate ele pedir para eu dirigir e escorregar para o banco do carona. Tinha perdido a noção de quanto tempo Bill tinha ficado olhando aquela foto ate dormi.

-Estamos chegando. –Sussurrei quando ele se arrumou no banco.

-Acha que temos gasolina o suficiente para entrar na cidade?

-Duvido.

O silêncio tomou conta do carro novamente, sombrio e pesado.  Era quebrado apenas pelo barulho do motor ou vez ou outra pelo suspiro de um de nós dois.

O crepúsculo começava a cair quando o carro parou, já podíamos ver alguns prédios, a distância poderia facilmente ser vencida a pé, mas o que me preocupava era o que nos esperava.

-Nós podemos passar a noite no carro... –Comecei sem convicção.

-Pode ter alguns deles por aqui.

-Sim, mas lá com certeza tem. Sair desse carro é suicídio, Bill.

-Não me importa. Pode ficar se quiser, eu vou sair.

Pisquei algumas vezes, não podia acreditar no que tinha ouvido. Ele estava decidido e pouco se importava se eu iria junto ou não. Agora eu era descartável? Talvez.

-E seu irmão? Pense nele! Se você sair e for mordido?
-Eu nem tenho certeza se ele esta vivo. Eu não tenho mais certeza de nada. E se todas as pessoas que se importavam comigo, assim como essa garota, estiverem mortas?

-Eu não estou. –Sussurrei.

-É. Mas por quanto tempo, Mel? Eu não aguento mais e pouco me importo se um daqueles monstros nojentos me pegarem.

Permaneci parada o observando juntar suas coisas e sair do carro. Não que eu não quisesse segui-lo, apenas não conseguia me mexer. Quando finalmente consegui fazer meu corpo responder, peguei a mochila e comecei a correr atrás de Bill.

-ENTÃO É ASSIM? DISSE-ME  PARA LUTAR POR VOCÊ E AGORA VAI EMBORA? DISSE PARA SUPORTA TUDO PARA NÃO TE DEIXAR SÓ E EU O FIZ, AGORA FAÇA O MESMO POR MIM! –Ele continuava a andar como se não ouvisse meus gritos. – NÃO CONSIGO ACREDITAR QUE SEJA TÃO EGOÍSTA!

-pois eu sou! –Bill disse virando-se e agarrando meu braço com força. –Nunca prometi nada. Eu não sou forte, não sou bom e talvez seu maior erro tenha sido me ouvir.

-Isso é uma pena, porque agora eu simplesmente não posso mais virar as costas e te deixar seguir sozinho.

Sua mão escorregou pelo meu braço ate alcançar a minha.

-Você é uma idiota por isso.

Tudo que consegui fazer foi sorri. Só naquele momento percebi o quão dependente de Bill eu tinha me tornado, a ponto de arriscar minha própria vida para não ficar sem ele.

-Qual o plano? –Perguntei quando entramos na cidade.

-Quem disse que eu tenho um plano?


 As ruas eram escuras, os zumbis se arrastavam de um lado para o outro a procura de comida. Inconscientemente prendi a respiração como se só isso pudesse chamar a atenção deles para a nossa presença.

-Acho que o plano por enquanto é não virar comida. –Bill disse me puxando para perto da parede do prédio mais próximo.  


Um comentário:

  1. CONTINUA TÓ MUITO CURIOSA

    to adorando é muito tomare que o Bill ache o Tom

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