Bill estava parado ao meu
lado, o arco a postos e a expressão de falsa calma. As ruas estavam lotadas,
para todos os lados que se olhava zumbis caminhavam. Pela primeira vez duvidei
que houvesse realmente sobreviventes naquele lugar.
-O que vamos fazer? –Perguntei
me apertando ainda mais contra a parede.
-Eu...- Bill limpou a
testa com a mão antes de continuar. O pânico agora se tornara claro em seu
rosto. –Não sei. Devia ter te ouvir.
Bom, já era tarde. Continuamos
uma caminhada lenta, sempre junto da parede. O escuro era um bom companheiro, estávamos
quase imperceptíveis. Quase. Eu conhecia o bastante daquele mundo para saber
que os zumbis podiam sentir o nosso cheiro.
Foram questão de segundos,
em um momento estávamos caminhando e no segundo eu estava esbarrando em uma
lixeira e todos os mortos vinham em nossa direção.
-CORRE! –Bill gritou
soltando minha mão. –CORRE, MEL. VOU TENTAR SEGURAR ELES, CORRE E TENTA
ENCONTRAR ALGUÉM!
Fiquei paralisada quando a
primeira flecha foi lançada, corre para onde? Não tinha ninguém ali para nos
ajudar e eu não podia deixar Bill sozinho, peguei a arma sem jeito e dei um
tiro em direção aos zumbis.
-O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?
MANDEI CORRER!
-Não tem ninguém aqui. Nós
vamos morrer.
-EU MANDEI VOCÊ
CORRE! ANDA, SAI DAQUI, MEL!
Dei alguns passos para
trás, talvez... Talvez pudesse ter alguém lá. Prendi-me a esse pensamento
quando obriguei minhas pernas a correrem. Virei à esquina e segui por uma rua
reta.
-SOCORRO! –Gritei seguindo
adiante. Mais algumas ruas e nada. –SOCORRO!
Meus gritos chamaram atenção
de alguns poucos zumbis, mas continuei correndo. Entrei em um beco estreito e escuro. Tateei as
paredes tentando me localizar e continuar andando. Meu corpo se chocou contra
alguém e cai sentada.
A luz era pouca demais
para ver direito a figura na minha frente, mas eu podia ver que era um homem, alto,
com certeza, o formato do rosto também me era familiar.
-Bill? –Perguntei tentando
alcançar a lanterna no bolço da minha mochila. –Bill, é você? – O homem não
respondeu parecia paralisado exatamente onde tinha me encontrado.
Encontrei a lanterna e a
liguei em direção ao rosto dele. Meu coração deu um pulo dolorido no peito. Não
era Bill. As feições eram parecidas, o formato do rosto exatamente igual, assim
como o da boca, do nariz e dos olhos, mas não era ele.
-Tom? –Perguntei com a voz
embargada. Ele se aproximou e me levantou pelo braço.
-Quem é você e como sabe o
meu nome?-Perguntou me sacudindo. – Conhece meu irmão?
-L-lá atrás. Ele está cercado,
me mandou buscar ajuda.
-ENCONTREI A GAROTA QUE
ESTAVA GRITANDO! –Tom gritou para mais dois homens que acabará de surgi na escuridão.
–Meu irmão ficou para trás. Vamos busca-lo!
Continuei a encarar Tom
por alguns instantes, não sabia que eram tão parecidos.
-Vamos, nos leve ate onde
ele está!
Respirei fundo e comecei a
corre em direção ao lugar onde tinha deixado Bill. Os três homens estavam bem
atrás de mim, as armas prontas.
Implorei em pensamento
para Bill está bem. O que eu faria se ele tivesse sido mordido? Mata-lo? Não,
eu nunca permitiria isso e agora sabia que Tom também não, caso o contrário não
estaria correndo junto comigo em direção a um suicídio quase certo.
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