“É que você me tira o sentido, sabe? Você faz a vida ser muito mais complicada do que é. E você faz a minha loucura ser mais intensa do que é. E o meu amor, então, nem se fala.”
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A noite estava silenciosa, nenhum barulho para me assusta,
mas por mais que eu tentasse não conseguia dormi. Bill tinha a cabeça apoiada nas minhas pernas
e eu entrelaçava os cabelos dele repetidas vezes. Sua respiração era calma e
baixa, talvez eu dormisse por que tinha medo de que quando acordasse descobrisse
que aquilo tudo não tinha passado de um sonho e ele não estava mais ali.
Quando o Sol apareceu no horizonte todos já estavam de pé.
Pelo o que Tom tinha dito tínhamos mais de uma hora de caminha ate chegar à
casa onde o restante do grupo estava.
Saímos pela porta dos fundos da pequena confecção, demos a
volta na rua apressados. A quantidade de zumbis na frente do prédio ainda era
muito grande.
Bill entrelaçou seus dedos nos meus quando alcançamos a
avenida principal. Torci para ele não notar o quanto minha mão estava fria e
soada. Desde a noite passada quando o perigo de perdê-lo esteve tão forte
alguma coisa mudou, eu gostava de Bill antes, mas agora começava a perceber que
o amava. E o mais assustador era não saber o tamanho desse sentimento.
Não sabia como seria quando chegássemos ao abrigo. Talvez
qualquer coisa que Bill sentisse por mim fosse devido ao fato de pensar que
talvez eu pudesse ser a última pessoa que ele veria, mas agora sabendo que existiam
outras talvez isso mudasse.
Aquele pensamento vez meu coração bater dolorosamente como se
tivesse sendo puxado em todas as direções. A expressão coração partido sempre
me pareceu uma figura de linguagem, mas naquele momento foi como se ele
realmente estivesse partido, sangrando, me matando lentamente. Odiei-me por me sentir
assim em relação a Bill e o odiei mais ainda por me fazer me sentir assim.
O Sol estava alto no céu quando nos aproximávamos da estrada
que saia da cidade, a alguns metros já podíamos ver uma pequena casinha surgi
em meio à vegetação. Apressamos o passo.
A casa era pequena, rustica e de aparência antiga e
decadente. Tinha dois andares mal estruturado, uma cerca alta de madeira se
erguia em volta assim como algumas plantas. Imaginei que aquela cerca tivesse
sido construída depois que Tom e os outros chegaram à propriedade.
Um pequeno grupo de pessoas se reunia em frente a casa. Uma
mulher de cabelos brancos e aparência cansada, uma garota loira de rosto
delicado, um homem de cabelos curtos que exibia um grande sorriso, um senhor de
idade, duas crianças e uma outra garota que não parecia ter mais que dois anos
a mais que eu.
O homem mais jovem e a garota correram na nossa direção. Ela abraçou
Tom de uma forma nada platônica o que me deixou chocada, ele não me pareceu o
tipo de casos românticos. O rapaz abraçou Bill.
-Você conseguiu, cara! –Ele disse sorrindo.
-É claro que consegui! Um dia esse mundo vai voltar ao normal
e a nossa banda não é nada sem mim, Georg. – Ele deu uma gargalhada alta.
Um a um o grupo foi se apresentando. O homem e a mulher mais
velha chamavam-se Abigail e Charles
Stheuy e eram os donos da propriedade, a garota que abraçara Tom era Lay, tinha sido salva por ele durante a viajem do grupo para Chicago, a
outra garota era Jessica, as duas crianças eram Edward e Mendy.
A casa por dentro era ainda menor do que
parecia e me perguntava como conseguia abrigar tantas pessoas. O andar de cima
era usado como quarto e o de baixo como cozinha. No final do corredor no
segundo andar ainda tinha um pequeno banheiro.
-Acho que vão ficar um pouco grandes, mas foram
todas as roupas que consegui. –Lay disse me entregando uma blusa de moletom e
uma calça jeans. –Também trousse shampoo e sabonete.
-Obrigada! Serio, acabei de ganhar meu dia
com isso. –Ela riu e saiu em seguida para que pudesse tomar banho.
Tirei as roupas sujas e antes de entrar em
baixo do velho chuveiro me permiti uma olhada rápida no espelho. Meu rosto estava horrível, sujo de terra e
queimado pelo sol, os cabelos estava desgrenhados e embaraçados.
Mais um pouco e você podia se passar por um
dos zumbis, disse para o meu reflexo.
A água era gelada, tão gelada que chegava a
doer, mas mesmo assim era bom, não devia parecer tão bom. Fechei os olhos e me encostei-me à parede deixado
que a água limpasse não só o meu corpo, mas também minha alma.
Sobressaltei-me assustada quando ouvi a porta
sendo aberta e fechada novamente. Bill estava apoiado na pia, um meio sorriso
nos lábios.
- To tomando banho! –Disse procurando a
toalha.
-Isso eu pude percebe. –Seu sorriso aumentou
enquanto tirava a camisa. Prendi a respiração. –Sabe, é muito difícil conseguir
água hoje em dia para desperdiça-la tomando banho uma pessoa de cada vez.
Bill
caminhou ate mim, seus lábios tocaram meu pescoço me fazendo arrepiar,
suas mãos escorregaram pelas minhas costas e depois pela linha dos seios.
Respirei ofegante e espalmei as minhas contra seu peito.
-Para. – Ele riu baixo e mordiscou o lóbulo da
minha orelha. Estremeci. –Por que está fazendo isso?
-Porque eu te quero. – Bill disse antes de me
beijar de vagar.
Era difícil pensar em todas as objeções que
passavam pela minha cabeça quando ele estava tão perto. Agarrei seus cabelos o
puxando para mais perto ainda
-E o controle de natalidade? –Perguntei ofegante.
-Acho que preciso resolver isso na próxima excursão
ate a cidade.
Meus olhos queimaram em lágrimas.
-Eu não quero que você volte lá.
Bill me olhou por algum instante depois me
apertou contra seu corpo.
-Eu preciso cuidar do grupo agora, mas você
sabe que eu sempre vou voltar, Mel. Eu te prometi isso lembra? – Balancei a
cabeça uma vez. – Posso dormi com você hoje? Prometo que vou só dormi.
Limpei o rosto com as costas da mão e sorri.
-É claro.
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