quarta-feira, 24 de abril de 2013

O ultimo dia- Capitulo 15



Quando sentiu intensamente que um dia desapareceria é que pôde entender exatamente o quanto a vida era infinitivamente valiosa. E quando maior e mais clara era uma face da moeda, tanto maior e mais clara se tornava a outra. Vida de morte eram os dois lados de uma mesma coisa.
O Mundo de Sofia.
As nuvens escuras surgiam no horizonte transformando o claro do dia em trevas, a chuva cairia em breve e eu ainda não tinha conseguido encontrar Edward. Um desespero repentino tomou conta de mim, e se eu não o encontrasse? Como teria coragem de voltar para casa e contar para todos que ele havia sumido?

Apressei o passo pela estrada vazia. Fazia horas que estava caminhando e nenhum sinal de vida. Um vento frio bateu contra o meu rosto fazendo os cabelos da minha nuca se eriçarem, xinguei-me em pensamento por não ter pegado meu casaco.

-Edward! –Chamei pela milésima vez sem resposta.

Os pingos de chuva começavam a cair alimentando meu desespero ao imaginar aquela pobre criança sozinha.

Não vá para cidade, implorei em pensamento.

Alguns minutos depois o sol tinha sido coberto por nuvens espessas e escurar, a estrada agora era desconhecida e duas vezes mais assustadora. Sem pensar muito bem entrei no matagal ao lado do asfalto, pelo menos era mais difícil ser encontrada por um zumbi ali. Abrigaria-me no meio do mato e quando a chuva passasse voltaria para a estrada.

Era difícil caminhar em meio à vegetação densa, mal tinha tempo de desviar de um galho e outra já estava na minha frente, os espinhos das plantas rasgavam minha roupa e minha pele deixando uma trilha para trás que poderia ser facilmente seguida por um zumbi.

Abriguei-me em baixo de uma árvore. Não tinha notado que estava tão cansada ate está lutando para permanecer acordada.

Não tinha notado que tinha pegado no sono ate senti um par de mãos escorregarem pelos meus ombros. Levantei-me em um pulo me debatendo e gritando, as mãos envolveram minha cintura e me levantaram a alguns centímetros do solo.

-Sou eu! –Uma voz baixa e familiar falou poucos centímetros longe do meu ouvido.

-Gustav?

-Sim. –Ele me colocou novamente no chão e começou a procurar alguma coisa no bolso.

O observei tirar o um rádio utilizado, normalmente, pela policia.

-Tom? Tom, está me ouvindo? -  A resposta de confirmação veio rapidamente. – A encontrei. Vai para a casa, estamos voltando.

 Não tinha notado que a noite já havia caído ate alcançarmos a estrada. Durante todo o caminho Gustav não falou, isso só aumentava meu temor. Seria mais fácil se ele gritasse comigo por ter perdido o garoto em vez de caminhar calado ao meu lado me puxando pelo braço.

Todos estavam reunidos em voltada da pequena mesa da cozinha quando entramos na casa. Mantive o olhar baixo, mas podia sentir o peso de todos aqueles olhos me censurando. 

-Ela está cansada. –Reconheci a voz infantil de Lay. – Vou levar ela lá para cima e ajuda-la com o banho. Qualquer coisa que tenham para discutir pode ficar para amanhã.

Ninguém disse nada. Fiquei agradecida quando Lay envolveu sua mão na minha e me arrastou escada a cima. Eu sabia que Bill estava ali e realmente não queria ter que ouvi-lo gritar comigo. Não naquela noite.

-Estão muito bravos, não é? –Perguntei quando ela trancou a pequena porta do banheiro atrás de nós.

-Estão preocupados só isso.

Me sentei em um pequeno banco ao lado da pia enquanto ela limpava os cortes nos meus braços.

-Bill está muito bravo? – Mantive o olhar baixo enquanto esperava a resposta, porque não sabia se queria ouvi-la.

-Não imagina as coisas que ele disse que fazia com você se te encontrassem viva. –Lay deu um riso baixo antes de continuar. – Eu ate teria medo por você se não soubesse que era tudo blefe. Ele estava muito preocupado, pensei que faria um buraco no chão de tanto caminhar de um lado para o outro. Tom nem o deixou sair para te procurar.

Meia hora depois eu estava deitada no pequeno chão no canto do quarto escuro que era usado como dormitório e incrivelmente agradecida por Lay ter me deixado sozinha ali.

A porta se abriu e uma pequena fresta de luz invadiu o cômodo, estava sonolenta demais para distinguir que estava na porta ate a pessoa se aproximar e cair de joelhos ao lado de meu colchão.  

-Está muito cansada? –Bill perguntou me arrumando sobre o  travesseiro. Balancei a cabeça uma vez. – Você quase me matou hoje quando voltei e descobri que não estava aqui, Mel.

-Está bravo? – Sussurrei.

-Eu deveria está, mas não.

-Eu só queria encontrar o garoto.

Ele escorregou as mãos pelas minhas costas me fazendo levantar e segurou meu corpo junto ao seu em um abraço apertado. Um daqueles abraços que te protegem de tudo.

-Você é minha e eu não posso te perde. –Bill disse com os lábios próximos aos meus. –Eu mataria qualquer um que tentasse te fazer mal, Mel. Eu vi coisas naquela cidade hoje que... As pessoas estão enlouquecendo, não existem mais mocinhos.

Segurei seu rosto, os olhos estavam escuros, o rosto cansado. Dei um meio sorriso e toquei seus lábios rapidamente.

-Eu te amo. –Disse afundando a cabeça no peito de Bill. –Não espero que sinta o mesmo, só quero que saiba.

Houve um silencio longo antes que ele dissesse qualquer coisa. Sua boca abriu-se duas vezes, mas nenhuma palavra foi pronunciada.

-Te amo também. –Bill disse finalmente. 

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