“Você é um idiota. Você me tem nas mãos. Você me ganha com um piscar de olhos. E pior, você sabe disso. Acho que é por isso que eu fujo, fujo, mas sempre volto pra você.”
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Abracei os joelhos e
fechei os olhos. Estava tão cansada... Abri a boca para falar, mas desisti ao
lembrar a dor que isso causava pela falta de água.
Bill permanecia quieto ao
meu lado, hora ou outra seu estomago fazia um barulho baixo, mas ele o ignorava.
Tínhamos deixado os zumbis
para trás a alguns metros e começávamos a entrar no subúrbio da pequena cidade.
Casas pichadas e decadentes se erguiam de todos os lados, o silêncio
predominava rompido apenas pelo barulho do motor que já dava sinais de
fraqueza.
-Preciso parar. Tenho que
colocar gasolina. –Bill disse com a voz rouca. Seu rosto era uma máscara, mas
eu podia ver o medo, a angústia, a tristeza e a raiva escondidas atrás daqueles
mares castanhos.
-Bill? –Minha garganta
latejou, mas continuei. –Me desculpe. Se eu tivesse sido mais esperta e usado
outra coisa que não a arma teríamos água agora e poderíamos ir encontrar seu
irmão.
-Não peça desculpas. Eu to
vivo, não é? Está vivo é uma coisa importante.
Continuei parada olhando
para frente quando ele desceu do carro e deu a volta ate o porta malas.
-E então, acha que pode
ter água em alguma dessas casas? –Bill perguntou se debruçando na janela ao meu lado.
-Talvez.
Abri a porta e desci. O ar
era mais limpo por ali, mas vez ou outra se podia ver um corpo jogado em algum
lugar escuro. Entramos na casa mais próxima, era pequena, simples, as paredes
recobertas de um papel bege desbotado, uma pequena escada que dava ate o
segundo andar, as janelas lacradas.
-Quem morou aqui sabia o
que estava fazendo. –Bill disse erguendo uma das sobrancelhas.
Caminhei a te a cozinha, a
arma apostos, e vasculhei um por um dos armários da cozinha. Não me dei ao
trabalho de checar as torneiras, semanas antes de tudo esta completamente
acabado o abastecimento de água já avia sido cortado.
-Nada?
-Só essas garrafas de cloro.
–O rosto de Bill parecia ter se iluminado ao ouvir essas palavras.
-Cheire. Quando meu irmão
e eu começamos a fugir guardávamos água em garrafas velhas de cloro. Conserva
bem.
Abri uma das garrafas no
compartimento de baixo de uma pia pequena e funguei sobre o gargalo. O cheiro
não era tão forte quanto deveria ser.
-Agua! –Minha voz saiu
esganiçada e minha boca salivava. Dei um gole longo, a água parecia queimar as
rachaduras no fundo da minha garganta, mas mesmo assim era bom.
Entreguei-a em seguida
para Bill e caminhei ate as escadas.
-Acha que podemos passar
essa noite aqui? –Perguntei enquanto subia. –Quer dizer, parece segura e nós
dois estamos muito cansados. Somo presas fácies assim.
-Hum. É, acho que sim.
A escada dava em um
corredor pequeno de paredes azul claro. Duas portas apenas, uma do quarto e
outra do banheiro. Entrei na primeira porta e me joguei sobre a cama de casal.
Sensação maravilhosa sentir um coxão macio e um travesseiro.
Bill estava parado na
soleira da porta, um meio sorriso nos lábios.
-Eu posso dormi com você
hoje ou vou ter que dormi no chão outra vez?
Parei um segundo, não
esperava ouvir aqui, talvez por que não estivesse preparada para responder.
Suspirei fundo.
-Pode dormi comigo hoje.
Mas se comporte.
-Eu sempre me comporto.
Bill caminhou ate mim e
pegou minha mão, levantei-me e fiquei de frente para ele. Ele me empurrou ate o
móvel ao lado da cama e me fez sentar, seu rosto estava perto do meu, sua mão
fazia linhas retas na minha bochecha direita enquanto a outra apertava meu quadril.
Seus lábios bocaram os meus rápido e em seguida desceram pelo meu pescoço, ombro...
Suspirei entre dentes e agarrei seus cabelos.
-Calma! –Bill disse
sorrindo, as mãos ainda nas minhas coxas. – Controle de natalidade. Não pensei
em passar o fim do mundo com alguém.
-Então não me provoque,
Kaulitz.
Desci do móvel e me joguei
novamente sobre a cama. Ele deitou-se atrás de mim me abraçando por trás.
-É mais forte do que eu. –Não
precisava virar para saber que tinha um sorriso escancarado e convidativo no
rosto de Bill.
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