“Parecia que meu coração estava sendo torcido como um nó. Eu queria correr até ela, mas não conseguia me mover.”
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Observei os quatro longos corredores do mercado. Mais dois gritos e tudo o que eu conseguia ouvir era minha pulsação acelerada, larguei os pacotes no chão e segurei a arma nas mãos tremulas.
Tentei seguir os gritos. Entrei no segundo corredor e me espremi contra prateleira, os gritos de Bill estavam mais perto e meu coração dava um baque dolorido cada vez que os ouvia. E se fosse tarde demais? Se ele já tivesse sido mordido? Eu teria coragem de atirar em Bill? Nunca. Eu ficaria ali com ele.
Prendi a respiração quando vi a alguns metros de mim ele jogado no chão. O morto-vivo tentava se debruçar sobre ele, Bill o afastava com os pés e se debatia fevozmente. A alguns metros seu arco estava jogado. Prendi a respiração
É só mirar e atirar, uma voz sussurrou no fundo da minha mente. Não era tão fácil. Ergui a arma e mirei, apertei o gatilho. Silêncio. Não aquele silêncio comum, aquele silêncio pesado que poluí o ar depois de uma briga.
Bill continuou a olhar o corpo caído ao seus pés antes de levantar e se encolher contra uma das prateleira, alguns enlatado caíram sobre ele, mas Bill não pareceu perceber. Sentei-me ao seu lado e abracei seu tronco.
-Ele te mordeu? -Perguntei mordendo o lábio para evitar que as lágrimas rolassem. Bill negou com a cabeça. Seu rosto estava pálido e os olhos vidrados.
-E-eu nunca cheguei tão perto de morrer... -Gaguejou retribuindo meu abraço.
-Acha que ouviram o tiro? -Minha voz saiu esganiçada e cheia de pânico.
-Talvez... É melhor não arriscar, vamos pegar algumas coisas rápido e sair daqui. Tem gasolina no porta-malas eu abasteço quando sairmos da rua principal.
Bill levantou-se cambaleante, seu corpo todo parecia vibrar. O puxei de volta.
-Eu tive tando medo de te perde. - Sussurrei antes de tocar levemente seus lábios. Era um beijo calmo, sem pressa, cheio de alivio.
-Não vai se livrar de mim tão fácil. -Bill disse sorrindo e segurando meu rosto entre as mãos. -Mas se alguma coisa acontecer comigo... Prometa que vai atirar em mim e procurar o meu irmão.
-Eu não....
-Eu vi que você ia ficar comigo aqui se eu tivesse sido mordido e isso não pode acontecer! Eu não quero se uma daquelas coisas lá fora e meu irmão precisa saber que eu o procurei enquanto pude e que precisa cuidar de você.
Abri a boca para falar, mas desisti. Era inútil, ele nunca me ouviria.
Limpei o suor do rosto com as costas da mão e comecei a recolher algumas das latas jogadas no chão sem saber ao certo o que estava pegando. Bill caminhou ate a entrada com o arco a postos.
-Vem, Mel! Alguns estão de pé!
Corremos ate a saída dos fundos e demos a volta ate o carro. Alguns dos zumbis caminhavam cambaleantes em nossa direção. Mal tive tempo de entrar antes de Bill dá a partida.
-Agora é sem parada. Direto para Chicago.
-Continuamos sem água. -Minha voz saiu monótona uma vez que aquilo já me parecia corriqueiro.
Ao meu lado Bill deu um suspiro longo e desanimado.
-Então é torce para aqueles caras simpáticos paparem de nos perseguir e termos gasolina o suficiente para chegar em um lugar seguro e com água.
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