quinta-feira, 31 de maio de 2012

O lado escuro do Sol -Capitulo 10



Amor, eu estou te assistindo nadar?
Ou apenas vendo você se afogar?
Isso é tragédia ou comédia? - Love and Death 



Os dias passaram junto com as minhas dores físicas .Georg estava mais vivo do que nunca dentro de mim ,mas ainda sim cheguei a conclusão que estava na hora de seguir em frente .
Acordei com Mari batendo na porta do meu quarto .
-Como você se sente ?-Ela perguntou abrindo a porta e sentando-se ao meu lado .

-Eu vou sobreviver .Sou jovem de mais para morrer por amor .

-Essa é a minha menina .Tenho novidades .-Mari não podia esconder a expressão preocupada ,estava claro que essas novidades não seriam boas .-Nós vamos embora .Aqui não é mais seguro .

Um arrepio correu todo o meu corpo ,tive a impressão de ter despencado de um abismo .
A verdade era que lá no fundo ,bem lá no fundo eu tinha esperanças que Georg reconsiderasse e que voltasse .Mas com essa mudança ,ele não me encontraria nunca mais .
De repende me senti como se tivesse perdido o meu amor pela segunda vez .

-Para onde vamos ?

-Ainda não tenho certeza ,mas vamos para o norte da Alemanha .Lá é mais seguro .Já encontraram nossa base ,isso aqui está cheio de imgrantes ...

-Mas eu sou alemã . -A interrompi .

-Acha mesmo que vão se preocupar com isso ,Anne ?Vão nos matar antes de  podermos abrir a boca .Não há escolhas ,só duas .Partir e sobreviver ou ficar e morrer  .

Eu sabia que Mari estava certa e não tinha escolha alguma .

-Quando vamos ?

-Amanhã .Arrume suas coisas .

Fiquei sozinha no quarto preparando malas e mais malas ,o dia lá fora já tinha sumido dando lugar a um céu sem estrelas .

Outra vez Mari bateu na minha porta ,mas dessa vez não estava só preocupada estava totalmente desesperada .

-A-anne ,eu ...Acabei de saber ...

-O QUE FOI ?CONTA LOGO !

Tinha um mal pre-sentimento sobre o que viria a seguir .

-Acabou de chegar a notícia ...Georg pegou um navio para os Estados Unidos e ...

-E O QUE ?

-O navio naufragou .

O chão parecia ter acabado de abrir sobre os meus pés ,eu estava morta por dentro .Queria sair pela porta gritando seu nome ,mas agora sabia que Georg nunca mais o responderia .

Mari me envolveu com seus braços e me consolou enquanto as lágrimas caíam sem controle pelo meu rosto .Queria tanto ,precisava voltar no tempo e impedi-lo de sair daquele quarto rumo aos desconhecido .

-Encontraram o corpo ?

-Não sei .

-Me deixa sozinha .

O cheiro de Georg parecia impregnado naquele quarto ,era a minha única lembrança ,a única prova que aquela noite tinha realmente ocorri e que não tinha sido apenas um mero sonho .

Com o nascer do Sol no dia seguinte ,desci para onde todos estavam reunidos .Algumas instruções e iriamos embora para um lugar seguro .
Vi quando Guilherme desceu as escadas do segundo andar caminhou ate mim ,não disse nada apenas me abraçou .

-Sinto muito .-Ele disse me dando um beijo na testa .-Georg não era minha pessoa preferida ,mas nunca desejei a sua morte .

-Eu sei .

Quando partimos ,pouco antes das 8 da manhã ,me senti dando adeus ao ultimo pedaço de Georg que ainda vivia em mim .


quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Lado Escuro Do Sol -Capitulo 9


Eu te vejo chorar
E ninguém limpa as lágrimas
Eu te ouço gritar
Porque o silêncio está te sufocando
Eu sinto seu coração
É solitário como você
Se deixe cair
Feche os olhos (Für Immer Jetzt )



´´A falta de amor mata´ ,essa frase não é absolutamente verdadeira uma vez que o próprio amor é um veneno .Veneno que eu evitava a anos e quando eu finalmente estava convencida que não era dependente dessa droga ele aparece .

Georg era e ainda é minha fraqueza, eu não era forte o suficiente para resistir aos seus olhos, ao seu toque, a sua pele contra a minha, ao seu corpo quente... E não resisti, então ele me  virou a cabeça e foi embora .Triste realidade  essa .

Os dias se arrastavam como anos, o seu cheiro ainda estava em minha pele ,quase me sufocava .
Guilherme ficava cada vez mais próximo de mim, eu sabia suas reais intenções ,mas sabia que acima de tudo ele queria ser meu amigo e que nunca faria nada para me machucar ainda mais .Guilherme era como um fresta de luz em meio a escuridão .

Não sair do quarto tinha virado rotina, mas estava começando preocupar Mari .Ela se preocupava com cada coisa que acontecia comigo ,minhas tonturas ,meu enjôos e a minha repentina vontade de corta o cabelo com uma navalha .


Eu tinha me tornado um pessoa totalmente diferente do que costumava ser ,ver Georg parti tinha sido como ver minha família morrer outra vez .Todas as feridas que pareciam estar cicatrizadas ,agora estava mais abertas do que nunca .Minha tristeza era tão dessa que eu quase podia toca –la .

-Fala serio !Você vai ficar trancada nesse quarto ate quando ?-Guilherme disse entrando no meu quarto e me arrastando para fora da cama .-Vamos ,ta fazendo o maior Sol lá fora e eu pedi para a Mari para ir com você fazer as compras na cidade .

Eu o observei por alguns segundos ,e  pela primeira vez seus sorriso me irritou profundamente .Eu queria ser como ele ,ter todas as minhas dores e medos superados ou pelo menos fingir que tinha ,mas eu não podia ser assim e isso me perturbava.

-Sai do meu quarto. -Disse voltando para a cama e jogando a coberta em cima do mim ,deixando apenas os olhos de fora .  

-Você vai sofre por ele para sempre?Acha mesmo que se ele tivesse algum sentimento pro você ele teria indo embora?Ele não gosta de você, nunca gostou e nem vai gostar. Para Georg você não passou de uma garota gostosa com quem ele foi pra cama ,Anne .

-SAI DO MEU QUARTO!JÁ FALEI!NÃO VOLTA AQUI, NÃO QUERO TE VER NUNCA MAIS!NUNCA!

As lágrimas desciam sem controle pelo meu rosto, que queimava de tanta raiva.
Eu queria revidar, queria agredi-lo, mas bem no fundo eu sabia que cada uma daquelas palavras de Guilherme era verdade, infelizmente.

-É uma pena que você pense assim, eu te faria feliz. -Guilherme disse pouco antes de sair e bater com força a porta. Eu tinha raiva dele ,tinha raiva por que sabia que era verdade .








terça-feira, 22 de maio de 2012

O Lado Escuro Do Sol -Capitulo 8


Venha e salve-me
Estou queimando por dentro
Venha e salve-me
Eu não consigo sem você
Venha e salve-me,
Salve-me
Salve-me (Rette Mich )

Acordei na manhã seguinte me sentindo estranhamente bem. O braço de Georg estava pousado em cima da minha barriga, eu poderia parar o tempo ali e jamais ter que vê-lo parti.

-Bom dia .

Georg não me respondeu ,apenas me deu um selinho e saiu .Caminhou ate a porta ,abriu e sorriu .Estava pronto para sair quando eu o chamei de volta .

-Onde você vai ?

-Arrumar minhas coisas .Eu vou embora hoje a tarde .

Senti meu estomago afundar ,um sensação de vazio tomou conta de mim .As lágrimas escorreram sem controle pelo meu rosto ,entre os soluços do meu choro tentava explicar o porque ele ter que ficar .
Mas Georg não me ouviu ,simplesmente passou por aquela porta sem olhar para trás .Seus olhos verde-esmeralda tinham assumido um tom de verde escuro e sombrio .Aquele ultimo olhar ficaria marcado em mim pelo resto da vida .

Georg partiu com o cair do crepúsculo aquela tarde .Eu estava na saída o vi dando as costa e caminhando ate desaparece no horizonte .
Minhas pernas nunca tinham estado tão bambas ,meu coração doía com tanta intensidade que eu poderia desmaiar ali mesmo ,e foi o que fiz .Primeiro a falta de força  ,depois a escuridão a minha volta e finalmente o chão frio se chocando contra o meu corpo .

Uma pequena multidão se reuniu a minha volta .As pessoas falavam sem parar ,minha cabeça girava ,parecia pronta para explodir .Vi Mari e um outro garoto que morava na antiga base militar a algum tempo se aproximarem .Ele me pegou nos braços e seguido as recomendações de Mari me levou ate o meu quarto .

O nome do tal garoto era Guilherme, ele morava lá há mais tempo que eu, mas nunca tínhamos conversado.
Eu sabia muito pouco sobre ele ,sabia apenar que não era alemão ,mas que tinha crescido em Berlim e que seus pais tinham morrido em um bombardeio .

Guilherme Le colocou delicadamente sobre a cama ,ela ainda estava desarrumada e a toalha branca ainda estava jogada no chão .O cheiro de Georg parecia presente em todo o cômodo q chagava a me sufocar .

Eu queria esquecê-lo ,queria esquecer a noite passada ,mas ela ainda girava na minha mente como um filme ...Um filme emocionante e inesquecível ,daqueles que o final não é tão feliz e que você sai arrasado do cinema .

-Ela ta pálida .-Ouvi Guilherme dizer para Mari .

-Vou buscar um cobertores e um chá .Ela deve ta com febre .Que porra a médica é ela !  

Mari saiu correndo do quarto, aquele garoto continuou lá .Ela ainda segurava minha mão e não parecia quer solta-la .

-Tudo isso é por causa dele, não?-Perguntou depois de alguns segundo em silencio.-Acho que ele é um idiota ,se eu tivesse uma garota como você não a abandonaria ,nunca .

domingo, 20 de maio de 2012

O Lado Escuro Do Sol - Capitulo 7


´´Posso te guiar até sua casa?
Posso invadir sua vida?
Você pode consertar minha alma?
Você pode partir meu coração essa noite?´´ (Tokio Hotel - Down On You )


Sentia as mãos de Georg descer pelas minhas costas e os seus lábios contornarem o meu pescoço, mas cedo de mais ele se afastou. Não disse nada, apenas saiu dali sem ao menos olhar para trás .

Deixei-me escorregar pela parede ate o chão. A água fria ainda caía sobre o topo da minha cabeça, mas não parecia mais assim tão fria.

 Engrolei-me  na toalha branca jogada em cima do boxe ,caminhei ate minha cama e capotei .Meu coração batia contra o meu peito com tanta força que chagava a doer ,o quarto parecia ainda mais claustrofóbico  ,me faltava ar .

Fiquei ali parada por alguns minutos, estava tomando coragem para me levantar, me vestir e fingir que estava tudo bem quando Georg entrou novamente. Desta vez fechou a porta a suas costas.

-Por que você voltou?-Perguntei sentando-me na cama e tentando parecer o mais natural possível.

-Eu não vou embora sem te ter nos meus braços, mesmo que pro uma única vez.

Caminhei ate ele e sem pensar entrelacei os dedos nos seus longos cabelos e o puxei para um beijo .Um beijo selvagem e quase desesperado .Georg me jogou de volta na cama e continuou com a seção de beijos em torno do meu pescoço .Suas mãos escorregaram da minha cintura a te os meus quadris ,me puxou para mais perto e mais perto ...
A velha calça jeans que pendia abaixo da sua cintura não demorou muito para ser arrancada, sua pele se chocou contra a minha quase podia ver as faíscas que voavam a cada toque, a cada beijo.

-Não me deixe ? –Disse em seu ouvindo enquanto ele me tomava para si.

-Eu queria dizer que não vou te deixar, mas... Não posso mentir.

Georg não era o primeiro homem com quem eu tinha ido para cama ,mas era com certeza o que mais estava me  encantando e perturbando ao mesmo tempo .Eu queria ele ali comigo ,mas ao mesmo tempo sabia que o final não seria assim tão feliz .


sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Lado Escuro Do Sol -Capitulo 6


Olá, você está de frente pra minha porta
Não há mais ninguém aqui
Além de mim e de você
Ok, entre aqui.
O resto vai ir rolando sozinho (Reden )

Acordei primeiro que Georg e fiquei apenas ali ,observando enquanto ele dormi .Sentia faltar alguma coisa dentro de mim ,pela primeira vez em anos tinha um motivo concreto para me afastar de uma pessoa e mesmo assim insistia em ficar ali .


O Sol entrava assustadoramente forte pela vidraça quebrada da casa abandonada, mas ainda assim eu sentia um frio sufocante percorrer o meu corpo.
Levantei-me, vesti o casaco amarrotado de Georg e caminhei ate a janela. Aquele casaco ficava incrivelmente grande em mim e dava a impressão de caminha coberta por um edredom de mangar. A rua lá vorá estava deserta e assustada.

-Bom dia. -Georg disse sentando-se no velho sofá.

-Bom.

-Quer comer alguma coisa ?

-Não, vamos embora. Por favor.

Seguimos caminho de volta ate a antiga base militar, o caminho era longo e extremamente cansativo.

-Para com isso!-Georg disse quando eu comecei a estralar os dedos. Era uma mania irritante que eu tinha... Desde que me lembro. Fazia isso sempre que estava ansiosa nervosa ou preocupada.

-Desculpe.

Seguimos viajem em silencio,mas eu queria desesperadamente gritar para que ele ficasse .Ficasse comigo ,queria pedir para que não me deixasse só outra vez ,mas não fiz nada disso .Era melhor reprimir qualquer sentimento que estivesse nascendo em relação a Georg .Era melhor para mim e melhor para ele .

Chegamos a base militar pouco antes do por do Sol .Mari veio ao nosso encontro com um grande sorriso no rosto ,que não escondia a sua preocupação .

-Pensei que tivesse acontecido alguma coisa .-Ela disse enquanto me puxava para um longo e apertado abraço .

-Ta tudo bem .Paramos para descansar ,só isso .-Eu disse com o rosto apertado contra o ombro de Mari .

Quando finalmente me livrei do abraço sufocante Georg já havia entrado .

Fui para o meu quarto ,despi as roupas e entrei em baixo da bucha gelada .
A pouca luz fazia as gostas de água brilharem sobre a minha pele .Ouvi o ranger da minha porta ,era Mari com certeza .

-MARI?-Gritei, mas não recebi respostas,em vez disso apenas a imagem que me fez dar um pulo e me encostar contra a parede.

Georg estava parado na porta do meu banheiro, vestia apenas uma calça jeans velha e suja de lama.

-V-VAI EMBORA!

-Vou sentir tanto a sua falta. -Ele disse entrando embaixo da ducha e me apertado novamente contra a parede gelada.

-To falando serio ...

-Eu também. -Seus lábios se aproximaram lentamente dos meus e os tocaram com tamanha delicadeza e desejo que me fizeram se derreter em seus braços.

Eu não tinha mais tanta certeza se queria que ele fosse embora dali. Seu corpo quente contra o meu ,seu olhos fixos em mim ...Era demais para resistir .

terça-feira, 15 de maio de 2012

O Lado Escuro Do Sol -Capitulo 5


´´Isso é contra minha vontade
Isso é contra todos os sentidos´´ - 

Gegen Meinen Willen


Entrei na casa em ruínas logo atrás de Georg. Ele continuava segurando minha mão que já estava suando.
Georg parecia apreensivo, talvez por medo de ter alguém na velha casa ou por medo de passar uma noite inteira sozinho comigo e com ninguém mais, ou talvez por nenhum desses motivos.

A casa estava suja  e em ruínas mais ainda sim conservava o semblante de uma grande mansão ,ainda possuía móveis .O que deixa claro que quem quer que fosse que morasse a li saiu apressado ,muito apressado .

-Vou lá em cima ver se é seguro .Não saia daí .-Georg disse enquanto largava as compra em cima de um antigo sofá e subia as escadas que regiam a cada passo seu .

Caminhei pela grande sala de estar examinado cada objeto ,estava especialmente curiosa sobre aquele lugar .
Quem poderia ter morado ali?Uma família muito grande e rica ,suponho.

Georg volto minutos depois ,com um colchão empoeirado e mofado .

-Você pode dormi aqui e eu durmo no sofá .Toma meu casaco ,pode usar como coberta .Não consegui encontra nenhuma .

Agradeci e deitei-me no colchão.Estava cansada ,mas quando fechei meus olhos não consegui adormecer .

-Georg ?Você tá dormindo ?

-Não .Anne...Eu não sei se você já está sabendo ,mas eu ...vou embora .

Senti minha garganta fechar e meu coração acelerar. De repente não conseguia respirar e quando abri a boca para dizer alguma coisa tudo que saiu foi um monte de silabas sem nexo nenhum .

-Eu ..vou sentir sua falta .

Georg não olhava para mim ,contemplava o teto mofado da casa como se estivesse muito interessado .Levantei-me com um pulo e me sentei ao seu lado no sofá .

-Por que ?

-Por que o que ?

-Por que você vai ?

-Por que preciso de respostas .Por isso .

Não quis responder ,apenas me deitei ao seu lado Não conseguia acreditar na minha própria ousadia ,mas já estava lá .Meu corpo junto ao dele ,quase podia ver as faíscas.
Antes de fazer qualquer coisa além de deitar-me ao lado de Georg  voltei para o pequeno colchão e fingir  que havia subitamente pegado no sono .

Meu coração ainda batia fora de controle e eu estava pronta para sair dali gritando e implorando para que ele não se fosse ,mas tudo que fiz foi continuar lá ,deitada ,com os olhos lacrimejados e ainda sim fingindo está completamente adormecida enquanto uma batalha era travada dentro de mim .


segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Lado Escuro Do Sol -Capitulo 4

Falávamos como se nos conhecêssemos há anos. Há vidas quem sabe -Caio Fernando De Abreu 





Entramos em um velho supermercado em ruínas ,o senhor no balcão nos cumprimentou com um aceno de cabeça e observou atentamente enquanto Georg largava minha mãe caminhava ate o carrinhos de compra enferrujados .

-Nós seremos rápido .Vamos voltar para a base antes de anoitecer ,não é seguro depois que o Sol se Poe .

Ele disse enquanto pegava várias latas e jogava dentro do carrinho .Não respondi ,penas acenei que sim com a cabeça .

-Você nunca me disse nada sobre sua vida .-Georg disse pegando minha mão novamente e me levanto para o próximo corredor .

-Não tenho muito que falar. –Respondi, enquanto pegava várias sacas de arroz.

-Não importa me conte mesmo assim. Estou curioso ao seu respeito.

O olhei nos olhos por alguns instantes. Georg fazia-me lembrar de como eu costumava ser. Livre, sorridente, ate mesmo engraçada e carinhosa. Eu não era mais assim, odiava o que tinha me tornado, mas esse era o jeito que havia encontrado para não me machucar mais. Tranquei-me em uma prisão sem muros, me tranquei dentro de mim mesma e esperava que ninguém ultrapassasse essa parede que eu havia construído.

-Eu tinha uma vida normal ,estava acabando de me forma e começado a trabalhar em um hospital que ficava aqui perto .

-E então ?

-O hospital foi invadido, mataram quase todo mundo. Eu me escondi com uma criança que eu estava atendendo em baixo da minha mesa, mas nos encontraram .O sangue quente daquela criança batendo contra o meu rosto ...Foi a pior sensação que já tive .Um,dois ,três tiros .Pensei que tinha morrido ,mas felizmente ou infelizmente não tinha .

Georg estava parado ao meu lado e me olhava atentamente, parecia curioso em relação a minha historia ou a mim.
-Eu queria lembrar-se da minha historia. Queria mesmo .

-Um dia...Você se lembra .

Apertei sua mão e o arrastei ate o próximo corredor. O restante das compras foram em silêncio,mas não qualquer silêncio .Sentia quase como se Georg estivesse vendo através de mim toda vez que pegava um produto, o segurava pouco acima do dos ombros e me olhava com um sorriso .

Quando saímos do velho mercado com os braços carregados de compras o crepúsculo acabará de cair.
Caminhamos por longas horas ate chegarmos a uma antiga casa abandonada.

-Não da para continuar ,está muito tarde .Vamos passar a noite aqui ,amanhã nós seguimos viajem .

Não queria passar uma noite sozinha com Georg ,mas ate mesmo eu com toda a minha teimosia sabia que era o certo a se fazer .

domingo, 13 de maio de 2012

O Lado Escuro Do Sol -Capitulo 3

Vou me enganar mais uma vez, fingindo que te amo às vezes, como se não te amasse sempre.


Tati Bernardi.






Os dias foram se arrastando e durante todo esse tempo eu fazia o máximo para me manter afastada de Georg .Eu o via passar pelos corredores ,o via conversar com outras pessoas na hora das refeições .Sentia vontade de ir falar com ele ,mas tinha feito uma promessa para mim mesma e iria cumpri-la .Prometi nunca mais me aproximar de ninguém ,não veria mais ninguém que eu amo morrer e era isso que eu ia fazer .

Mas foi inevitável ficar frente a frente com Georg naquela manhã. Mari entrou correndo no meu quarto e me acordou aos berros, misturando francês com o seu inglês cheio de sotaque.

-Anne ,você vai  na cidade !

-Eu?Com quem?

-Olá, Anne.-Georg entrou no meu quarto ,não parecia nem animado e nem desanimado .Sua expressão era indecifrável .
Estava vestido com uma calça jeans velha e uma blusa preta de mangas curtas, não resisti a tentação de observá-lo  de cima a baixo .

-Você vai com ele. -Mari disse arrastando o rapaz para fora do quarto para que eu me vestisse .

Levantei com um pulo ,fui ate o velho banheiro ,tomei uma ducha fria ,vesti uma calça jeans rasgada nos joelhos e uma blusa preta do Metallica ,estava quase parecida comigo mesma antes da guerra me atingir .

Quando Georg e eu passamos pelos altos muros da antiga base militar me senti deixando a minha zona de conforto e estava.
Georg se aproximou e envolveu seus dedos em volta dos meus, um calor percorre toda a minha espinha. Tive vontade de se afastar, mas não o fiz.

-Não sai de perto de mim. -Ele disse assim que entramos na cidade.

Berlim não lembra nem de longe a cidade onde eu tinha nascido e crescido .Estava em ruínas .Poucas lojas e casas se mantinham em pé em meio aos resto de prédios ,hospitais ,escolas ,casa de família ...A casa da minha família estava no meio daquele entulho sem duvidas .

Quanto mais pertos chegávamos do centro da cidade mais Georg apertava seus dedos em volta dos meus ,aponto de machuca ,mas mesmo assim não recuei ou soltei a minha mão da dele .Eu me sentia segura sentindo o sue toque ,era reconfortante . 

sábado, 12 de maio de 2012

O Lado Escuro Do Sol -Capitulo 2

Mas você com esse seu jeito só seu, de não me permitir saber o que esperar de você, me faz te odiar tanto e querer tanto a sua atenção.
Tati Bernardi

 Acordei com a pequena fresta de luz que entrava pelo pequeno buraco na parede .
A luz do Sol costumava me deixar alegre ,dificilmente eu a via ,me fazia lembra que ainda existia um mundo lá fora ,por pior que ele fosse .

Mari entrou apressada no meu quarto com um grande sorriso no rosto redondo.

-Bom dia!-Ela disse me dando um beijo na testa.

-bonne journée- Respondi.
Apesar de não ser muito boa em francês eu costumava me esforça para falar com sua língua natal com Mari. Isso a deixava feliz, pelo menos eu acho que sim. Me deixaria .Sinto falta de ouvir alguém falar comigo na minha própria língua ,talvez fosse por isso que eu estava tão animada para ver o meu novo paciente .

Entrei na velha enfermaria e ele já estava de pé ,limpo e bem vestido não se parecia nem de longe com o homem que eu tinha encontrado na manhã anterior .

-Bom dia. -Ele disse quando me viu entrar.

-Como está se sentindo?-Perguntei me sentando na antiga maca e apoiando minha prancheta de anotações nos joelhos.

-Muito bem... - A voz de Georg era distante e destruída. Ele sem duvidas estava perdido em suas lembranças e pensamentos e eu não sabia se queria descobrir o que espreitava lá no fundo de sua alma.

-Posso te fazer unas perguntas?

-Sim, não... Depende das perguntas.

-De onde você veio?

Georg permaneceu calado, caminhou na minha direção e sentou-se ao meu lado. Perto demais para que eu pudesse continuar confortável.

-Eu também gostaria de saber. –Ele respondeu finalmente. Pela primeira vez me olhou nos olhos, me senti perdida dentro daquele verde intenso, mas ainda sim sedutor demais para desviar o olhar.

-Você é alemão?

-Talvez.

Eu queria continuar com a seção de perguntas mesmo que  eu só recebesse respostas vagas ,mas o olhar de Georg agora me fazia tremer  .Não de medo ,ou frio ,ou qualquer motivo racional .Me fazia tremer de vontade de estar mais próxima e mais próxima dele .

Nem eu nem ele nos mechemos, permanecemos imóveis perdidos nos olhos um do outro .Eu realmente precisava ir embora dali ,e foi o que fiz  .Me levantei com um pulo e praticamente corri ate a porta .Era melhor assim .

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Lado Escuro Do Sol -Capitulo 1


Eu sou uma espécie quase em extinção: eu acredito nas pessoas.
Tati Bernardi 


Em algum lugar no meio do que um dia foi Berlim
Novembro de 2016


Acordei com Mari dando pequenos tapinhas no meu rosto.


-Mas que droga! O que foi? –Perguntei me sentando ma pequena cama, as velhas molas rangeram e cederam com o meu peso.

-Setor 2 ,temos um paciente novo para você .

Encarei durante alguns segundos o rosto redondo e enrugado de Mari. A não ser pelo forte sotaque francês, ela era igual a minha avó quando ainda estava viva.

-Menina, eu to falando com você. Anne! –Ela disse estralando os dedos gorduchinhos na frente do meu rosto.

-Desculpa. Um paciente?

-É. Todo machucado, sujo e acho que ta em coma.

Mari esbugalhou os grandes olhos verdes, que há alguns anos atrás deviam ter sido muito sedutores, e afastou uma mecha de cabelo grisalho do rosto avermelhado.

-Dois minutos e eu vou lá.

Esperei que ela saísse, caminhei até a velha prateleira de remédios que agora me servia de guarda-roupas e peguei a velha roupa branca e xaléco que costumava usar quando ainda trabalhava em um hospital no centro de Berlim .

Aquela roupa ainda carregava consigo o cheiro de álcool e as manchas de remédio que pareciam não serem apagados com o tempo.
Eu costumava ficar horas e horas cheirando aquelas peças de roupas. Fazia-me lembra de um tempo não muito distante onde eu era feliz, onde tinha uma família e um lar, antes da guerra, da bomba,dos grito ...Os gritos ,eles ainda ecoam no meus ouvidos e me perseguem em meus sonhos .

Prendi os cabelos em um rabo de cavalo alto e segui ate o setor 2 da antiga base militar que agora servia com esconderijo .Costumava ser uma sala onde os tanques de guerra eram guardados  ,mas agora servia com uma enfermaria improvisada para socorre os feridos que encontrávamos durante nossas viagens e para socorre nós mesmo .

Entrei sem fazer barulho e deitado na ultima cama ao lado de um antigo computador estava o tal paciente de quem Mari tinha me falado. Aproximei-me de vagar e examinei seu rosto.Não parecia vir de um lugar pobre ,tinha uma pele pálida e apesar dos machucados dava para se notar que era muito bem tratada ,um longo cabelo castanho-claro caia ate os ombros ,não era muito alto ,tinha ombros largos e relaxados ,os músculos dos braços e o peitoral marcavam a camiseta rasgada .

-Europeu. - Disse para Mari que estava parada ao meu lado.

-Um europeu muito bonito. Se eu fosse 30 anos mais nova...

Não pude conter o ataque de risos com a expressão travessa e o sorriso safado que surgiram no rosto de Mari. Me fez lembra eu mesma com 13 anos de idade.

-Sem gracinha, ta bom?Trás gases e água para mim limpa as feridas dele.

Esperei que ela saísse e voltei a me aproximar do paciente misterioso. Estiquei a mão de vagar e toquei com as pontas dos dedos o seu rosto. Lindo. Pela primeira vez na vida concordei com alguma coisa que aquela velha brincalhona tinha me falado.

Passei a mão pelo lado esquerdo de sua face e ele se mexeu. Afastei-me rapidamente, nem sempre as pessoas eram o que pareciam ser ,ele podia ser um inimigo .

-MARI !-Gritei na porta da enfermaria improvisada.
Do fim do longo corredor surgiu a silhueta gorduchinha correndo na minha direção.

-Ele acordou?- Ela perguntou entrando no quarto e se apoiando nos joelhos para recuperar o fôlego.

-Acho que sim.

Virei-me e lá estava ele sentado, me olhando atentamente. Aproximei-me de vagar seguida por Mari .

-Qual é o seu nome?

-Georg... Eu acho.

Reconheci de imediato aquele sotaque carregado, ele era alemão assim como eu.
Seus olhos verdes me examinaram de cima a baixo ,pude perceber quando passou a língua pelos dentes .

-Onde eu estou?-Perguntou finalmente.

-Em um lugar seguro.Agora se puder tirar a camiseta e se deitar ,eu tenho q fazer alguns curativos em você .

Ele não disse nada apenas fez o que eu havia dito .Prendi a respiração quando Georg arrancou a velha camiseta e deixou a mostra os ombros largos e os braços definido .
Ele era quase um convite a fazer coisas das quais eu me arrependeria depois .