quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O ultimo dia -Capitulo 4



Na verdade, nem sei direito o que tô sentindo, só sei que tem a ver com você.
Soulstripper

-Olha daquele lado que eu olho desse. Não fique longe, fique onde eu possa te ver. Qualquer coisa grite, não atire. -Bill disse quando chegamos a avenida principal da cidade. Assenti com a cabeça, mas sem nenhuma confiança. Não queria está sozinha de novo.- Precisamos de um carro com o  taque cheio ou quase isso.

Caminhei ate o outro lado da avenida. Os carros estavam parados em duas filas desregulares e alguns corpos em decomposição se amontoavam ao redor deles ou dentro.
Senti a meu estomago ser jogado contra a garganta, o gosto de bile na boca. O cheiro de carne podre era demais para ser suportável para um humano.

Entrei no primeiro carro e joguei o corpo do motorista no chão. O tanque estava quase vazio e não serviria para nós. Do outro lado Bill caminhava de um automóvel para o outro concentrado em sua tarefa, a face dura o fazendo parecer mais velho.

Deviam ter se passado mais de uma hora quando Bill correu ate mim.

-Achei! Temos gasolina o suficiente para sair da cidade, peguei mais um pouco dos outros carros. Dá para chegar ao nosso destinho. -Suspirei aliviada por poder sair daquele sol escaldante que fazia piorar o cheiro no ar.

-E para onde vamos, capitão? -Perguntei quando entramos no carro. Um Fiat azul escuro com aparecia de novo.

-Atlanta. Meu irmão e eu estávamos indo para lá antes de nos perdemos.

-Atlanta não! -Minha voz soou mais alta do que eu esperava, meu coração deu um baque dolorido quando me lembrei dos meus momentos naquela cidade. - Olha, eu to vindo de lá. Não tem mais nada, a cidade agora é  um cemitério a céu aberto. Não sobrou ninguém.

-Como você pode ter certeza, Mel? -Bill me olhou com raiva pela primeira vez e um calafrio correu minha espinha quando imaginei que talvez ele pudesse me deixar ali.

-Bill, eu encontrei o grupo de sobreviventes que estava em Atlanta. Eles partiram a uma semana, se seu irmão estiver vivo....

-Ele está!

-Tudo bem, estão se ele esteve em Atlanta estava com aquele grupo e eles não estão mais lá.

-E onde estão? -Bill perguntou ligando o motor.

-Chicago.

-Ótimo, então é para lá que nós vamos.

Afundei no banco do carona e abracei as pernas. Estava cansada, sonolenta. Quando tinha sido a ultima vez que eu havia dormido? Dormido de verdade, sem pesadelos, sem medo.

-Cansada? -Bill perguntou quando pegamos a alto estrada. -Você não dormiu muito ontem a noite e por falar nisso nos poucos minutos que dormiu falou como uma matraca.

-Eu não falo dormindo.


-Tudo bem, então quem é  David? -Bill ergueu uma sobrancelha esperando minha resposta. O lado direito da sua boca se levantou em um meio sorriso de deboche. -Nós não precisamos ter segredos, Mel. Afinal para quem eu ia contar?

-Era meu noivo. - As lágrimas queimaram em meus olhos quando aquelas palavras pularam dos meus lábios, mas eu precisava falar. Eu precisava conversa com alguém. -Ele ... Ele distraiu os zumbis enquanto eu fugia pelo telhado da nossa casa. Eu fugi enquanto eles o devoravam. Essa arma era dele. David era policial. -Dei um sorriso sem humor.


-Desculpe. Eu não pensei...

-Tudo bem. Eu precisava falar. -Limpei as lágrimas do meu rosto com as costas da mão e me ocupei em olhar a paisagem pela janela.

Era desértica, apenas uma longa estrada a nossa frente rodeada por árvores e nada mais. O ar era limpo  e bom.

-Tem um lago a uns 5 quilômetros, podemos parar para tomar banho se quiser. -Bill disse me lançando outro meio sorriso.

-Um banho seria bom. Na verdade seria maravilhoso. -olhei para as minhas roupas sujas de terra e sangue, em alguma vida passada minha blusa tinha sido rosa claro.

Ele parou o carro no acostamento, eu fui a primeira a descer e corri em direção a água. Estava fria, não devia parecer tão boa, mas era. Eu quase me sentia feliz ali, era quase como se estivesse em uma viajem com um amigo.

Olhei em direção ao carro, Bill me observava de longe, a camiseta na mão. Outro baque doloroso do meu coração e afundei na água.

Senti uma mão quente na minha cabeça e levantei depressa.

-Achei que estivesse se afogando! -Bill deu uma gargalhada alta me obrigando a ri com ele. - Pode aproveitar a água por mais alguns minutinhos, depois temos que voltar a estrada. Tem uma cidade aqui perto, quero chegar lá e pegar comida antes de anoitecer.

Ele me olhou por alguns instantes antes de afundar e eu só poder ver seus cabelos loiros pouco centímetros acima da água.

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