segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar- Capitulo 17


Quando é hora de viver e deixar morrer?
E você não consegue tentar mais uma vez
Algo dentro deste coração morreu
Você está em ruínas -21 Guns 



Acordei com a luz que entrava pela fresta aberta da cortina batendo contra o meu rosto. Abri os olhos de vagar tentando reconhecer o ambiente, procurei por Bill ao meu lado. Ele não estava. Puxei as cobertas sobre o meu corpo e caminhei pelo quarto.

-Bill? Bill, você tá aqui? –Perguntei abrindo a porta do pequeno banheiro, não recebi resposta.

Meu coração acelerou com a mais remota possibilidade dele ter partido e me deixado ali, sozinha, assustada e desprotegida. Caminhei de volta ate a cama e vesti sua camiseta que estava jogada no chão.
Em Bill ela era justa e ficava no tamanho exato, já em mim caia ate a metade das coxas.

Sai do quarto com pressa sem ter muita certeza do que faria, caminhei ate a recepção e acordei aos gritos a senhora que cochilava sentada na velha cadeira de madeira.

-O rapaz que subiu comigo ontem, um alto, cabelos negros, muito magro e pálido, você o viu? –Falei  sem parar nem ao menos para respirar.

-Claro, eu me lembro dele. Figura difícil de esquecer. – A senhora disse esfregando o queixo como se tentasse lembra nitidamente da imagem de Bill. –Não, não o vi hoje. Desculpe, mas ninguém saiu dos quartos.

Assenti e caminhei de volta ate o longo e escuro corredor, eu sabia que Bill poderia facilmente ter saído daquele motel sem que ninguém o visse, mas algo lá no fundo dizia que não era isso que estava acontecendo. Como uma voz gritando dentro da minha cabeça: ´´PERIGO! PERIGO!´´

Abri a porta de carvalho, o número 483 pendeu e por um único prego não caiu aos meus pés.  Assim que entrei no quarto percebi que algo estava realmente errado, um forte odor de enxofre poluía todo o ar o tornado quase irrespirável.

-Lucy! –Ouvi uma voz roca falar a minhas costas. Por algum motivo notei que talvez Lucy fosse eu. Virei-me devagar. Um homem alto, com cabelos negros e pele bronzeada me encarava com um sorriso amedrontador nos lábios .

-Desculpe, não sou Lucy. Me chamo Ângela. Acho que talvez o senhor esteja no quarto errado. –Disse ainda mantendo os olhos fixos no homem parado a minha frente.

-Não, não estou... Ângela. Não esperava que eles tivessem dado esse nome para você. Chega a ser irônico, significa anjo, não é mesmo? –Assenti. –Está procurando por Bill?

Dei alguns passos para trás quando finalmente tive alguma ideia de com quem eu estava falando. Minhas costadas bateram dolorosamente contra a parede, mas nem ao menos senti a dor. Meus olhos permaneciam fixos nos do homem alto a minha frente e minha mente viajava tentado intender onde Bill poderia estar e pior ainda se ainda estaria vivo. Algumas lágrimas brotaram nos meus olhos e escorreram pelo meu rosto, aprecei-me em limpa-las.

-Q- quem é você? –Perguntei  com a maior convicção que podia fingir.

-Alguns me chamam de diabo, satanás, Lúcifer... Mas você, querida, você pode me chamar de papai.

Espalmei as duas mãos na parede as minhas costas tentando manter o equilíbrio. Ou talvez com a esperança de atravessar esta e volta à noite passada, onde estava segura e feliz ao lado de Bill.

-O que você fez com ele?

-Bill? Ele está bem e vai continuar bem se você fizer o que eu mandar.

-Faço. Faço qualquer coisa, só não o machuque e me deixe vê-lo. Agora.

-Ele não está aqui, terá de voltar comigo.

-Voltar para onde?

-Para casa. Não pensou que ia longe, não é? Não seria tão idiota a ponto de cometer o mesmo erro que seus pais.


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