sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 15


 
Na nossa frente o céu se abre
Nós faremos isso juntos
Depois do fim desse mundo
Que cai atrás de nós - Übers Ende der Welt



Meia hora depois estávamos dentro de um ônibus direto para Berlim.

-Vai ficar tudo bem, anjo. –Bill disse passando o braço em volta do meu ombro.

-Não me chame mais assim. Nós dois sabemos muito bem o que eu sou.

-Ei, você é o meu anjo.

Dei um sorriso forçado e tentei parecer absolutamente natural quando fiz a perguntas a seguir.

-Bill, por que eu sou... Você sabe. –Senti os músculos dele se enrijecendo ao meu lado, parecia totalmente desconfortável.
-Eu acho que essa não é a hora para falarmos disso.

-E eu acho que não teria hora melhor.

Ele arrumou-se na poltrona ao meu lado de forma que ficava parcialmente virando para mim. Observou meu rosto por alguns instantes, me senti perdida naqueles olhos castanhos.

-É complicado. Quando sua mãe descobriu que estava grávida ela e seu pai tinham acabado de ser casar e ficaram muito felizes, mas em um fim de semana quando viajavam para visitar seus avós o seu pai perdeu o controle do carro e este capotou.  Os dois sobreviveram, mas você não. –Bill fez uma pausa e pareceu perdido em seus pensamentos por alguns segundos, como se revivesse em sua mente o que tinha acontecido no passado. – Eu estava lá, podia ouvir sua mãe implorando pela sua vida. Não podia fazer nada. Nós, anjos, temos algumas regras, a mais importante delas é: O que está morto deve permanecer morto.  Mas nem todo mundo cumpre regras, naquela noite Lúcifer a visitou, prometeu que te traria de volta em troca você, sua alma, seu corpo seriam dele.  Você seria sua própria filha e quando precisasse viria te buscar.

-Ela aceitou... –Eu disse mantando o olhar fixo no chão, minha cabeça parecia preste a explodir, era informação demais.

-Sim, temporariamente aceitou, mas quando percebeu pelo o que você passaria resolveu fugir. Então antes que nascesse seus pais se mudaram para o Brasil. Fugir do diabo é estupidez, não demorou muito para ele encontra-los e mata-los.

As lágrimas rolaram pelo meu rosto, Bill envolveu seus braços em torno de mim e me puxou para um longo abraço.

-Ele precisa de você agora. –Bill disse depois de um tempo.

-Para que?

-Ninguém sabe.

Algumas horas depois o ônibus parou na frente de uma grande rodoviária que eu deduzi ser a de Berlim.

-Chegamos. –Bill disse me lançando um sorriso animado. –Vou pegar nossas malas, arrume um táxi para nós.

-Para onde vamos.

-Conheço um lugar que cabe no meu orçamento.

Desci a pequena escada do ônibus e caminhei ate a rua, um táxi passou apressado, fiz sinal com a mão e ele parou a alguns metros de mim. Segundos depois observei enquanto Bill corria em minha direção com a pequena mochila nas costas e a mala enorme nos braços.



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