domingo, 23 de setembro de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 18


Como pode olhar dentro dos meus olhos como portas abertas?
Guiando você até o meu interior
Onde me tornei tão insensível?
Sem uma alma, meu espírito está dormindo em algum lugar frio
Até você encontrá-lo ali e guiá-lo de volta pra casa -Bring Me To Life


-Para onde vamos? –Perguntei observando  a paisagem do lado de fora do carro em alta velocidade.

-Para casa, querida. Onde você deveria estar me esperando. - Lúcifer disse mantendo o olha fixo à frente.

A imagem de Bill passava pela minha cabeça, seu sorriso estava lá todas as vezes que eu fechava os olhos. Não pode impedir que as lágrimas rolassem pelo meu rosto ao imaginar que ele poderia estar machucado. Encolhi-me ainda mais no banco ao lado da janela, como uma criança que procura o colo da mãe em uma noite escura.

Abracei os joelhos trêmulos e permaneci assim até que o carro parasse em frente a uma grande e antiga mansão que reconheci de imediato.  A casa que pertencia a Peter estava totalmente rodeada por homens altos e fortes, de aparências tão assustadoras que não precisava ser exatamente um gênio para deduzir que se tratava de outros demônios.

-Chegamos. –Lúcifer disse descendo do carro logo depois que um de seus homens abriu a porta para ele, em seguida o mesmo homem deu a volta no carro e abriu para mim.

Lancei um olhar assustado para casa. Parecia mais envolta em sombras do que nunca, uma recém-chegada neblina á fazia praticamente desaparecer dando a impressão que sumia e reaparecia conforme nos aproximávamos.

-Peter. O que fizeram com ele? –Perguntei quando passávamos pelas grandes portas de carvalho, mas antes que tivesse uma resposta  percebi Peter jogado tranquilamente sobre o sofá empoeirado no meio da sala de estar. Este se sobressaltou ao perceber a chegada de Lúcifer.

-Mestre. –Ele levantou-se e fez uma reverencia com a cabeça. Percebi algo de errado, as orbitas de seus olhos estavam totalmente negras assim como as dos demais presentes. –Ângela, querida, sabia que viria.

Engoli em seco. Tentei manter o ar de completa calma mesmo que meus joelhos insistissem e tremer e bater um contra o outro.

-Onde está Bill? –mantive um tom frio na voz e perguntei baixando os olhos para o assoalho.

-Claro. Bill. Você o verá.

-Se vocês tiverem encostado em um único fio de cabelo...

-Não o machucamos... –Lúcifer me interrompeu erguendo-me a alguns centímetros do chão por um dos pulsos. –Ainda. E acredito que se o tivéssemos feito você não poderia fazer nada. Não tem escolha, minha querida.

-Quero vê-lo.  Agora! –Exclamei tentando parecer o mais confiante e corajosa possível, o que não era muito se tratando da minha real situação.

Lúcifer fez sinal com uma das mãos e dois de seus ´´seguidores´´ me acompanharam por uma longa escadaria de pedras que levava a sótão sujo e mal cheiroso.  Em um canto do cômodo, sentado e com as mãos presas por correntes acima da sua cabeça, estava Bill. Suas grandes asas negras pendiam sobre o seu ombro, mas assim que notou minha presença abriram-se mostrando toda sua imponência. Os dois homens que me acompanhava saíram apresados como se tivessem levado um soco no estomago.

-Bill... –Disse me abaixando e segurando seu rosto entre as minhas mãos. –Eles te machucaram?

-Estou bem. Ângela vai embora! Saia daqui procure Miguel ele terá que te ajudar. Peste atenção, eu vou ficar bem. Não podem fazer nada contra mim, a única coisa que podem fazer para me machucar é machucar você.

-Se esta me pedindo para fugir esqueça! – Disse devagar encarando os olhos de profundo castanho de Bill. –Não vou te deixar aqui!

-POR QUE NÃO CONSEGUE ENTENDER?! VÃO TE MATAR, ÂNGELA! SE FICAR E SERVI AO QUE LUCIFER PRECISA QUE FAÇA ACABARÁ MORTA! –Bill respirava ofegante, mas diminuirá seu tom de voz e agora me lançava um olha de suplica. –Como espera que eu viva se estiver morta?

-Como você espera que eu viva sabendo que fugi e te deixei aqui para morre? E além do mais Miguel nunca me ajudaria.

-Ajudaria sim. As coisas mudaram, anjo. É melhor você viva e do nosso lado.

Antes que pudesse falar qualquer coisa os dois homens entraram novamente e me puxaram pelo ombro. Livrei-me de seus dedos e dei um beijo rápido em Bill. Segui pelas escadarias de pedra de volta a sala lançando um olhar de desafio as duas ´´sombras´´ que me seguiam.

-Peter, quero que leve Lu... Ângela ate os seus aposentos e a prepare. Precisaremos de sua ajuda hoje à noite. – Lúcifer disse assim que me viu entrar na sala. Peter assentiu e depois de uma reverencia agarrou meu braço esquerdo e arrastou-me novamente pela escada e depois por um longo corredor.

-Entre. –Ele disse abrindo a ultima porta no final do corredor e me jogando dentro do quarto.

Era escuro e cheirava desagradavelmente a mofo e comida estragada. Em um canto estava uma grande cama de casal coberta por horríveis endredos vermelho berrante  e no outro um pequeno armário corroído por cupins.

-O que querem que eu faça a noite? –Perguntei caminhando pelo cômodo e sentando-me na cama que cedeu sob meu peso.

-Você não fará nada. Digamos apenas que é como uma gigantesca garrafa de ´´energético´´.

-O que quer dizer?

-Que só precisamos de você, ou melhor, do que tem correndo em suas veias  para ficarmos fortes o bastante para derrotar Miguel e seus anjinhos.

Fiquei parada ali durante horas sem mexer nem seque um músculo. O crepúsculo já cairá lá fora quando finalmente a porta foi escancarada e Lúcifer entrou seguido por Peter e mais dois homens que nunca virá antes.

-Está pronta?  -Perguntou com a voz fria rodando uma pequena adaga prateada entre os dedos finos.

-Deixaram que ele saia vivo?

-Sim.

Estendi ambos os pulsos, talvez lá no fundo eu soubesse o que estava fazendo ali. Meu sangue era uma espécie de bebida energética ou coisa do tipo, desde meu nascimento cada passo me guiará ate aquele momento.
A lamina afiada cortou ambos meus pulsos. Dei um grito alto e agudo assim que a dor tomou conta de meus braços e o sangue espirou sobre as cobertas.

Como se tivesse esperado pelo aquele momento durante todas suas vidas todos os presentes se debruçaram sobre mim e cravaram as bocas sobre meus pulsos ensanguentados.  Gritei sentindo a dor insuportável e o sangue deixando meu corpo, me senti como uma boneca de pano velha e gasta quando Lúcifer se afastou junto com os demais.

Minha respiração era lenta e minha visão turva, mas pude ver pouco antes de perde a consciência, Miguel entrar seguido por mais alguns anjos e dentre eles reconhecia as grandes asas negras que estavam cada vez mais próximas de mim.

-Anjo, anjo! Ângela, por favor fala comigo. –Bill gritava segurando meu corpo em seus braços.

Tarde demais, como se minhas pálpebras fossem pesadas demais para continuarem abertas as fechei depois de um grande esforço para manter  a consciência.  Agora estava caindo por uma escuridão sem fim, ao fundo ainda podia ouvir os gritos de Bill e um coração que pulsava cada vez mais lentamente.

Senti uma mão envolver meu pulso e me puxar de volta. Abri lentamente os olhos, o clarão do ambiente me segou  por alguns instantes e quando finalmente pude ver com precisão me deparei com Bill sentado ao meu lado. Corri o olhar pelo ambiente, estava  em casa.

-Acabou? –Perguntei com a voz fraca.

-Nunca vai acabar.

-Foi você quem me...

-Não. –Bill me interrompeu. –Foi Miguel.

-Por que?

-Por que ele finalmente percebeu que é bem melhor tê-la segura e do nosso lado e que se a matássemos Lúcifer a traria volta afinal já fez isso uma vez.

-Isso significa...

-Significa que sou seu novo... –Bill passou a língua pelo lábio inferior como se procurasse o termo certo. – Anjo da guarda traço namorado.

Ele selou seu lábios nos meus e após alguns segundo, minutos, horas, talvez dias se afastou sorrindo.

-Acabou, anjo. Pelo menos por enquanto.

THE END!





segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar- Capitulo 17


Quando é hora de viver e deixar morrer?
E você não consegue tentar mais uma vez
Algo dentro deste coração morreu
Você está em ruínas -21 Guns 



Acordei com a luz que entrava pela fresta aberta da cortina batendo contra o meu rosto. Abri os olhos de vagar tentando reconhecer o ambiente, procurei por Bill ao meu lado. Ele não estava. Puxei as cobertas sobre o meu corpo e caminhei pelo quarto.

-Bill? Bill, você tá aqui? –Perguntei abrindo a porta do pequeno banheiro, não recebi resposta.

Meu coração acelerou com a mais remota possibilidade dele ter partido e me deixado ali, sozinha, assustada e desprotegida. Caminhei de volta ate a cama e vesti sua camiseta que estava jogada no chão.
Em Bill ela era justa e ficava no tamanho exato, já em mim caia ate a metade das coxas.

Sai do quarto com pressa sem ter muita certeza do que faria, caminhei ate a recepção e acordei aos gritos a senhora que cochilava sentada na velha cadeira de madeira.

-O rapaz que subiu comigo ontem, um alto, cabelos negros, muito magro e pálido, você o viu? –Falei  sem parar nem ao menos para respirar.

-Claro, eu me lembro dele. Figura difícil de esquecer. – A senhora disse esfregando o queixo como se tentasse lembra nitidamente da imagem de Bill. –Não, não o vi hoje. Desculpe, mas ninguém saiu dos quartos.

Assenti e caminhei de volta ate o longo e escuro corredor, eu sabia que Bill poderia facilmente ter saído daquele motel sem que ninguém o visse, mas algo lá no fundo dizia que não era isso que estava acontecendo. Como uma voz gritando dentro da minha cabeça: ´´PERIGO! PERIGO!´´

Abri a porta de carvalho, o número 483 pendeu e por um único prego não caiu aos meus pés.  Assim que entrei no quarto percebi que algo estava realmente errado, um forte odor de enxofre poluía todo o ar o tornado quase irrespirável.

-Lucy! –Ouvi uma voz roca falar a minhas costas. Por algum motivo notei que talvez Lucy fosse eu. Virei-me devagar. Um homem alto, com cabelos negros e pele bronzeada me encarava com um sorriso amedrontador nos lábios .

-Desculpe, não sou Lucy. Me chamo Ângela. Acho que talvez o senhor esteja no quarto errado. –Disse ainda mantendo os olhos fixos no homem parado a minha frente.

-Não, não estou... Ângela. Não esperava que eles tivessem dado esse nome para você. Chega a ser irônico, significa anjo, não é mesmo? –Assenti. –Está procurando por Bill?

Dei alguns passos para trás quando finalmente tive alguma ideia de com quem eu estava falando. Minhas costadas bateram dolorosamente contra a parede, mas nem ao menos senti a dor. Meus olhos permaneciam fixos nos do homem alto a minha frente e minha mente viajava tentado intender onde Bill poderia estar e pior ainda se ainda estaria vivo. Algumas lágrimas brotaram nos meus olhos e escorreram pelo meu rosto, aprecei-me em limpa-las.

-Q- quem é você? –Perguntei  com a maior convicção que podia fingir.

-Alguns me chamam de diabo, satanás, Lúcifer... Mas você, querida, você pode me chamar de papai.

Espalmei as duas mãos na parede as minhas costas tentando manter o equilíbrio. Ou talvez com a esperança de atravessar esta e volta à noite passada, onde estava segura e feliz ao lado de Bill.

-O que você fez com ele?

-Bill? Ele está bem e vai continuar bem se você fizer o que eu mandar.

-Faço. Faço qualquer coisa, só não o machuque e me deixe vê-lo. Agora.

-Ele não está aqui, terá de voltar comigo.

-Voltar para onde?

-Para casa. Não pensou que ia longe, não é? Não seria tão idiota a ponto de cometer o mesmo erro que seus pais.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 16


Eu posso te preencher
Com o meu vazio esta noite?
Posso segurar sua cabeça
Enquanto escorregamos para a luz ? -Down On You 



O táxi parou em frente a um prédio baixo e decadente. Em letras cor de rosa e brilhantes lia-se ´´Motel Santa Clara´´.
Bill lançou um olhar para o edifício e depois para mim. Sorriu.


-É aqui? –Perguntei franzindo as sobrancelhas e torcendo para que ele desse uma gargalhada e dissesse que tínhamos pegado o caminho errado. Não o fez.


-Sim. É o que dá para pagar por enquanto. – Bill disse dando um beijo na minha testa e descendo do carro.


Deu a volta até o lado do motorista e entregou duas notas de 10 euros para o homem baixo e careca que segurava o volante com força, em seguida  abriu a porta para mim e caminhou ate o porta malas, jogou a minha mala sobre as costas e caminhou em direção a entrada.

O  segui apressada olhando para os lados e segurando a mochila de Bill contra o peito.


Estava assustada e queria minha casa, meu quarto, minha cama... Sentia-me  como uma garota do interior perdida na cidade grande, e realmente era.


-Um quarto para dois. –Bill disse para a recepcionista de rosto enrugado e cabelos grisalhos.


-Fumantes ou não fumantes? –Ela perguntou após um longo bocejo.


-Fumantes. –Ele disse.


-Não fumantes. –Respondi ao mesmo tempo. Bill e eu nos encaramos por alguns instantes. – Não fumantes! –Repeti erguendo a sobrancelha direita e espalmando as mãos sobre o balcão da recepção.


-Ela quem manda. –Bill encolheu os ombros e deu um sorriso tímido. Retribui o sorriso e abracei sua cintura.


-ótimo. A recepcionista levantou-se preguiçosamente e caminhou  até uma parede repleta de chaves penduradas em pregos enferrujados. Voltou alguns segundos depois e entregou uma pequena chave para Bill. Tenham uma noite divertida.


-Ela acha que nós viemos aqui para... –Falei enquanto caminhávamos pelo longo, escuro e empoeirado corredor que levava aos quartos. Bill não disse nada apenas deu uma longa gargalhada.


Por fim encontramos nosso quarto após alguns minutos de procura, ficava no lado direito do corredor, a velha porta de madeira parecia corroída por cupis e os números 483 pendiam sobre ela.

Bill abriu a porta e deixou eu entrasse primeiro. A decoração do quarto me fez lembrar de um

filme pornô ou coisa do gênero. Uma cama em forma oval estava estrategicamente postada no centro do cômodo coberta por tecido vermelho, sobre ela pendia um lustre antigo e enferrujado e na parede esquerda do quarto tinha uma pequena porta que eu deduzi ser a do banheiro.


-Não é nada mal. - Bill disse cruzando os braços sobre o peito e me lançando um olhar que no fundo queria dizer ´´te desafio a passar uma única noite aqui.´´


-Já estive em motéis mais decadentes com meus ex-namorados. –Respondi erguendo uma das sobrancelhas e dando um meio sorriso.


-Você o que?!


-É brincadeira, seu idiota. –Envolvi os dedos nos cabelos negros de Bill e o puxei para um beijo. –Acho que vou tomar banho. É melhor. –Eu disse me afastando.


Entrei no pequeno banheiro e despi as roupas, antes de entrar em baixo da ducha morna gastei alguns minutos me olhando no espelho e pensando em como estaria minha vó, por fim decidi que estava na hora do banho.


Saí minutos depois envolta em uma das toalhas brancas que estavam dobradas sobre o balcão da pia.  Bill estava deitado na cama observando o teto como se aquilo fosse a coisa mais interessante do mundo.


-Espero que não pegue nenhuma doença nesse lugar. –Disse com um sorriso quando entrei no quarto.


-É espero que não... – Bill lançou um olhar penetrante sobre mim, senti meu rosto queimar. Prendi com ainda mais força a toalha sobre o meu corpo e ocupei-me em procurar uma roupa na mala. Tentei parecer absolutamente ocupada e distraída mais isso foi impossível com forme Bill caminhava na minha direção.


Ele puxou minha mão e obrigou-me a levantar nossos olhos pararam um no outro, tentei parecer calma. Não estava, meu coração parecia bater dolorosamente contra a garganta. Bill escorregou suas mãos pelo contorno do meu corpo e com um movimento rápido soltou a toalha que escorregou ate cair aos meus pés.  


-Como já disse uma vez, se parece com uma ninfa...


Seus lábios tocaram os meus com desejo, Bill me empurrou em direção à cama e forçou-me  a deitar. Suas mãos escorregaram ate os meus seios e os apertaram com força. Gemi. Bill aprecia se divertir vendo meu corpo reagir a cada toque e continuou ate que quase implorasse por mais.  Muito mais ...








sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 15


 
Na nossa frente o céu se abre
Nós faremos isso juntos
Depois do fim desse mundo
Que cai atrás de nós - Übers Ende der Welt



Meia hora depois estávamos dentro de um ônibus direto para Berlim.

-Vai ficar tudo bem, anjo. –Bill disse passando o braço em volta do meu ombro.

-Não me chame mais assim. Nós dois sabemos muito bem o que eu sou.

-Ei, você é o meu anjo.

Dei um sorriso forçado e tentei parecer absolutamente natural quando fiz a perguntas a seguir.

-Bill, por que eu sou... Você sabe. –Senti os músculos dele se enrijecendo ao meu lado, parecia totalmente desconfortável.
-Eu acho que essa não é a hora para falarmos disso.

-E eu acho que não teria hora melhor.

Ele arrumou-se na poltrona ao meu lado de forma que ficava parcialmente virando para mim. Observou meu rosto por alguns instantes, me senti perdida naqueles olhos castanhos.

-É complicado. Quando sua mãe descobriu que estava grávida ela e seu pai tinham acabado de ser casar e ficaram muito felizes, mas em um fim de semana quando viajavam para visitar seus avós o seu pai perdeu o controle do carro e este capotou.  Os dois sobreviveram, mas você não. –Bill fez uma pausa e pareceu perdido em seus pensamentos por alguns segundos, como se revivesse em sua mente o que tinha acontecido no passado. – Eu estava lá, podia ouvir sua mãe implorando pela sua vida. Não podia fazer nada. Nós, anjos, temos algumas regras, a mais importante delas é: O que está morto deve permanecer morto.  Mas nem todo mundo cumpre regras, naquela noite Lúcifer a visitou, prometeu que te traria de volta em troca você, sua alma, seu corpo seriam dele.  Você seria sua própria filha e quando precisasse viria te buscar.

-Ela aceitou... –Eu disse mantando o olhar fixo no chão, minha cabeça parecia preste a explodir, era informação demais.

-Sim, temporariamente aceitou, mas quando percebeu pelo o que você passaria resolveu fugir. Então antes que nascesse seus pais se mudaram para o Brasil. Fugir do diabo é estupidez, não demorou muito para ele encontra-los e mata-los.

As lágrimas rolaram pelo meu rosto, Bill envolveu seus braços em torno de mim e me puxou para um longo abraço.

-Ele precisa de você agora. –Bill disse depois de um tempo.

-Para que?

-Ninguém sabe.

Algumas horas depois o ônibus parou na frente de uma grande rodoviária que eu deduzi ser a de Berlim.

-Chegamos. –Bill disse me lançando um sorriso animado. –Vou pegar nossas malas, arrume um táxi para nós.

-Para onde vamos.

-Conheço um lugar que cabe no meu orçamento.

Desci a pequena escada do ônibus e caminhei ate a rua, um táxi passou apressado, fiz sinal com a mão e ele parou a alguns metros de mim. Segundos depois observei enquanto Bill corria em minha direção com a pequena mochila nas costas e a mala enorme nos braços.



sábado, 1 de setembro de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 14


E pra não perder a sanidade penso em você
Juntos correremos pra algum lugar novo
E nada pode me separar de você
Através da tempestade -Monsoon 


Bill parou a moto ha alguns metros da minha casa. Caminhei de vagar em direção à porta de entrada, mal sabia como ainda conseguia caminhar, estava fora de mim, como se não pertencesse a aquele mundo ou como se aquele não fosse o meu corpo.

-Ângela! –Ele correu em minha direção antes que eu alcançasse a porta. – Você sabe que temos de ir embora não sabe? –Assenti com um movimento de cabeça. –Desculpe por tudo isso. –Bill puxou meus pulsos e envolveu meus braços em sua cintura, apenas fiquei lá parada como uma boneca de pano. Depois de um instante ele me soltou e se afastou.
Puxei as chaves do bolço e destranquei a porta, caminhei sem fazer barulho ate o meu quarto e comecei a socar minhas coisas dentro de uma mala suficientemente grande.  Sentia-me mal por partir sem me despedir da minha vó, mas sabia que não conseguiria olhar nos olhos dela e mentir. Tentei interpretar tudo aquilo como uma forma de proteger sua vida e a minha, quando Bill achasse que era seguro nós voltaríamos, ou pelo menos eu esperava que fosse assim.
Peguei uma folha de papel amaçada e rabisquei algumas palavras nela:

Vovó,
Estou bem, decidi que está na hora de passar algum tempo com os meus avôs no Brasil. Mando noticias assim que puder.
Te amo ...


Dobrei o bilhete e o joguei em cima da cama, não esperava que ela acreditasse naquilo, mas não tinha como ter certeza que era mentira uma vez que não falava português. Meu avô que costumava se comunicar com o resto da família.

Caminhei arrastando a mala ate a entrada da pequena capela na pracinha da cidade. Bill disse que estaria lá arrumando suas coisas. Bati duas vezes nas grandes portas de madeira antiga e um rapaz loiro saiu para me atender. Pelas roupas presumi que seria o tal padre amigo de Bill.

-Eu vim...

-Sei o que veio fazer. Bill está quase pronto. –Ele se afastou e fez sinal para que eu entrasse. –Pode esperar aqui dentro se quiser.

-Não, obrigada. Prefiro ficar aqui fora. 

Nunca tinha gostado de igrejas, me sentia mal perto delas e agora começava a entender o porquê .
Alguns minutos depois Bill apareceu carregando uma mochila e nada mais.

-Esta pronta? –Ele perguntou enquanto caminhávamos em direção à moto.

-Acho que sim... Você sabe o quanto isso é difícil pra mim.

-É só por um tempo. Agora que Miguel esteve aqui e percebeu que eu não vou lhe matar ele vai mandar alguém que faça isso, então é melhor não arriscar.

-Por que ele mesmo na me matou hoje quando teve oportunidade?

-Ele não é do tipo que suja as mãos, se acha superior demais para isso. Por isso manda anjos como eu.

Sem perceber deixei que algumas lágrimas rolassem pelo meu rosto. Se no dia anterior alguém me disse que eu passaria pelo o que estava passando naquele momento eu provavelmente riria na cara da pessoa e perguntaria que tipo de droga ela tinha usado. Agora, no entanto, tudo aquilo que eu considerava uma historia absurda estava sendo jogada na minha cara como se fossem tijolos.

-Para onde vamos? –Perguntei quando paramos na frente da rodoviária da cidade.

-Por enquanto vamos para Berlim, quando chegarmos lá eu descido onde será o próximo lugar. De qualquer forma podemos passar a vida fugindo que ainda não encontraremos um lugar suficientemente seguro. –Ele respondeu enquanto pegava um carrinho e jogava minha mala em cima.

-Obrigada, isso é muito reconfortante. –Disse forçando um sorriso que saiu mais parecido com uma careta de dor.



domingo, 26 de agosto de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 13


Eu me lembro das lágrimas escorrendo pelo seu rosto
Quando eu disse "nunca te deixarei ir embora"
Quando todas as sombras quase acabaram com a sua luz
Eu me lembro que você disse "não me deixe aqui sozinho"
Mas nesta noite tudo está morto, acabado e já passou - Safe and sound 




Não podia acreditar no que meus olhos viam. Bill abriu as asas de fora que elas parecessem ainda maiores e virou-se para mim evitando o tempo todo que seus olhos encontrassem os meus.

-Por favor, fique calma. Não vou te machucar. –Ele disse observando minha expressão que era um misto de pânico e incredulidade.

-Quem... O que você é? –Perguntei com a voz fraca e o coração aos pulos.

-Ele é tudo que você não é. –Miguel disse caminhando ate mim e parando de súbito quando Bill virou-se para ele e impediu sua passagem. –Um anjo.
-Vá embora. Agora! –Bill disse entre dentes me puxando para perto e me envolvendo em suas asas como uma forma de me protegem daquele homem.

-Eu vou, mas que fique avisado que se você não fizer o que foi lhe ordenado eu mesmo farei. E não serei nem um pouco piedoso.

Antes que qualquer coisa pudesse ser dita Miguel nos deu as costas e com a mesma velocidade que apareceu minutos antes desapareceu.
Bill me olhou preocupado, ainda me tinha em seus braços e suas asas ainda cobriam todo o meu corpo. Não tive coragem de olha-lo nos olhos, mas isso não impediu me bombardeá-lo com perguntas.

-Por que não me contou? O que aquele homem quer comigo? O que você tem que cumprir? –As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu falava sem parar para respirar.

-É complicado, anjo. –Ele disse calmo acariciando meus cabelos.

-NÃO ME CHAME ASSIM! –Gritei deixando explodir toda a fúria que sentia. Sentia-me traída por Bill não ter me contado o que era antes.

-Não lhe contei antes por que não estava pronta. Queria que confiasse em mim, que tivesse certeza de que não te faria mal. Nunca. Miguel é um anjo, assim como eu. –Ele respirou fundo ,como se tivesse criando coragem e então continuou a falar calmamente ,como se falasse para uma criança. –Claro que como você deve ter percebido é um tipo superior de anjo. Os humanos o conhecem com o Messias. Ele quer sua vida e minha missão tira-la de você.

Estremeci com aquelas palavras e se Bill não me segurasse teria caído de joelhos naquele momento.

-Não. Não tenha medo, eu não vou te machucar. Prefiro morrer a fazer isso. –Ele disse quando tentei me livrar de suas mãos. –Anjo... Desculpe. Só peso que acredite em mim, porque sou a única pessoa que pode te proteger. Mesmo que por pouco tempo. Agora somos nós dois contra o céu e o inferno.
-Por que Miguel me quer morta? –Perguntei tentando manter a calma, mas sabia que Bill podia sentir minhas pernas tremendo e batendo contra as suas.

-Não é só ele. Todos os anjos... Inclusive eu antes de me aproximar de você. Você é uma ameaça para o mundo, Ângela. –Ele me apertou com ainda mais força contra seu corpo como se tentasse me proteger do que diria a seguir. –Você é um... É um demônio. É a filha de Lúcifer.

Implorei em pensamento naquele momento que alguém aparecesse com uma câmera e dissesse que tudo aquilo não passava de uma pegadinha, mas ninguém veio e me senti perdida como se o chão tivesse se aperto sobre os meus pés e a única coisa que me mantinha ali de pé fosse Bill.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 12


Quando tá tudo indo bem, eu sempre tenho a sensação de que alguma coisa, no fundo, tá muito errada.
Tati Bernardi  




Bill parou a moto no jardim da frente da minha casa. O rosto da tal irmã dele ainda passava pela minha mente, simplesmente não conseguia acreditar que fossem parentes.

-Como ela se chama? -Perguntei enquanto caminhávamos em direção à porta de entrada. Mais uma vez a expressão de Bill se tornou seria, isso acontecia todas as vezes que eu perguntava de sua vida.

-Francesca. Podemos esquecer isso agora?

Ele parou de súbito quanto à porta se abriu e minha vó saiu vestida em um roupão rosa berrante. Sua expressão era severa e ficou ainda pior quando pousou o olhar em Bill.

-Anette.

-Bill. O que faz aqui? –Eu quase podia ver faíscas voarem pelo ar quando os olhares dos dois se encontraram.

-Tinha negócios a resolver... Bem isso não importa mais. Ângela está entregue. –Bill desviou o olhar da minha vó e curvou-se em minha direção, selou nossos lábios em um beijo rápido, colocou o capacete e segundos depois sumiu ao virar uma esquina.

Caminhei apressada pela casa e entrei no meu quarto, despi a camisola e coloquei uma calça jeans e uma camiseta, estava atrasada para a escola. Mas o real motivo de toda minha pressa era não querer conversar com a minha avó sobre Bill, mesmo estando corroída pela curiosidade de saber de onde os dois se conheciam.

Desci correndo as escadas enquanto arrumava em um rabo de cavalo meus cabelos. Ela me esperava no final da escada, era impossível escapar da minha avó quando ela queria dizer ou talvez perguntas alguma coisa.

-O que faz com aquele garoto?

-Ele é meu...Namorado ,talvez. –Eu mesma não sabia em que patamar se encaixava minha relação com Bill. Amizade, não. Sexo casual, muito mesmo. Namoro, talvez.  –E você, de onde o conhece?

Sua expressão ficou dura e seria ela passou as mãos pelos cabelos grisalhos enquanto caminhava de um lado para o outro.

-Não importa. Apenas saiba que Bill não te fará bem e se sente algum carinho ou respeito por mim fique longe dele.

-Sinto muito, mas isso eu não posso fazer. Eu o amo.

Caminhava solitária pelas ruas vazia da cidade. O dia estava claro, milagrosamente o Sol não estava coberto por uma espessa camada de nuvens negras e tempestuosas.
Bill freio a moto a alguns centímetros de distancia de mim, me esticou a mão com o capacete e fez sinal para que eu subisse.

-Eu tenho escola sabia? –Disse sorrindo quando paramos na frente da velha cabana.

-Não perderá o ano por causa de uma falta.

-Você mora aqui? –Perguntei olhando o lugar decadente.

-Não...-Bill deu um sorriso tímido antes de continuar. –Venho aqui quando quero ficar sozinho. Tenho um amigo que é padre na capela da cidade, vivo na casa nos fundos da tal capela.

-Você não parece religioso. –Disse sorriso e o abraçando.
-É.

Ele se aproximava para me beijar, mas fomos interrompidos pelo barulho das vidraças das janelas quebrando-se e a antiga porta de madeira vindo ao chão.

-Fique atrás de mim. –Bill disse quando um homem alto de cabelos longos e claros entrou. Sua expressão era seria e quando seu olhar encontrou o meu senti um calafrio percorrer todo o meu corpo. Envolvi a cintura de Bill por trás.

-Olá, Bill. Vejo que fez... amigos ,pena que suas companhias não sejam tão boas.

-O quer aqui, Miguel? –Lembrei-me naquele momento do que Francesca tinha dito na manhã passada: Miguel virá te visitar.

-Você sabe o que quero.

-Eu não posso. Não é do jeito que eu pensava, ela é boa.

-Claro. Agora me diga, não sente nojo ao tocar e beijar uma coisa como essa? –Miguel perguntou enquanto apontava para mim. –Ela sebe o que você é?

-Não.

-MOSTRE, AGORA!

-Não posso.

-MOSTRE!

Bill se afastou de mim e caminhou ate o centro da sala, uma luz forte o envolveu e quando finalmente pude abrir os olhos me choquei com o que via. Longas asas negras saiam majestosamente das costas de Bill, deviam ter pelo menos o dobro de sua altura e me fizeram estremecer.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 11


Um beijo, um toque
Nunca suficiente
Tão suave,
tão difícil
Não pare
Você começa
Habilidades instintivas como animais -Human connect to human 





Deitei a cabeça sobre o peito de Bill e me embriaguei com seu perfume.

-O que você me esconde? –Perguntei mantendo os olhos fixos nos desenhos na camiseta que ele vestia.

-Ainda não está na hora de você saber. –Bill levantou-se e olhou nos meus olhos antes de continuar. –Só peço que confie em mim e que lembre-se que sempre vou te proteger e ...

-E?
-E te amar.

Sabia o quanto estava me arriscando e o quanto estava pondo em risco a vida da minha avó, mas ao ouvir aquelas palavras nada mais importava.
Envolvi os dedos nos cabelos negros de Bill e o puxei para mais perto. Ele selou seus lábios nos meus e se curvou sobre mim.

-Seja minha. –Disse entre um beijo e outro. Não disse nada apenas o puxei para ainda mais perto o forçando a deitasse sobre mim.

O peito de Bill roçou contra meus seios através do tecido fino da camisola. Ele sorriu enquanto  abaixava as alças e puxava minha única vestimenta até a cintura. Suas mãos escorregaram até meus seios e os apertaram. Gemi.

-Gosta disso?  -Ele perguntou roçando os lábios em meus seios. Senti meu rosto queimar e odiei a mim mesma por está corando naquele momento.

-Bill...

-Sim?

-Nunca mais vá embora. Não importa o que eu diga ou faça, não me deixe.

-Eu nunca te deixei. –Ele disse sentando-se e me olhando nos olhos. –A expressão seria que tinha tomado conta do rosto de Bill deu lugar a um sorriso travesso enquanto caminhava o olhar pelo um corpo. –Se vista. Não posso perde o controle com você.

Suspirei fundo para mostrar meu total desagrado, me sentia absolutamente indesejável naquele momento. Ele sorrio ao ver minha expressão.

-Eu te quero... Muito... Mas não aqui e não agora. –Bill me deu um beijo rápido e se levantou.

Aprecei-me em me vestir. O Sol já entrava pela janela e estranhamente fazia um dia quente e claro.

-Bill...Quem era aquela garota falando com você naquela manhã na escola ? –Perguntei enquanto caminhava ao seu lado ate a moto preta estacionada ao lado de uma grande e antiga arvore.

-Pode-se dizer que era minha irmã. –Sua expressão era dura e os punhos estavam cerados.

Lembrei-me da  fisionomia da garota por alguns instantes .Ela não se parecia em nada com Bill. Era baixa, tinha os olhos extremamente claros e de semelhante tinham apenas a pele pálida e os cabelos escuros.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 10


E o horizonte parece desaparecer
E todos os seus sonhos estão incompletos
Posso sentir que o fim está próximo
Tudo tem vindo, como nós tínhamos temido -Final  Day 



A chuva batia contra o meu rosto e o vento fazia minha franja entrar nos meus olhos. Puxei meu casaco para ainda mais perto do corpo e caminhei apressada. Esse era  o fim de mais um estressante dia naquilo que eu chamava de escola, mas a verdade era que não era a escola que estava me perturbando .

Tinha visto Bill naquela manhã, ele não se aproximou. Seu semblante era cansado como se não dormisse há dias parecia acima de tudo muito preocupado.
Estava saindo para o intervalo ao lado de Milena quando o vi conversando com uma garota pálida de longos cabelos negros, não pode ver seu rosto. Eles conversavam aos sussurros e Bill parecia argumentar algo muito importante, gesticulava e andava de um lado para o outro, a garota por outro lado permanecia imóvel  como se aquilo tudo não fosse com ela .

-Miguel virá te procurar! –Ela disse em voz alta ao se afastar. Seus olhos assustadoramente verdes focaram em mim por alguns instantes quando passou ao meu lado. Estremeci.

Bill me lançou um olhar rápido e também se afastou, não o vi durante todo o restante do dia. Eu sabia que ele escondia coisas ,segredos que talvez eu não quisesse saber ou que talvez não devesse, mas podia sentir que Bill sofria ,que carregava um fardo pesado demais e isso também me fazia sofrer.

Girei a maçaneta de vagar, a casa estava vazia e silenciosa. Caminhei ate o meu quarto e me joguei na cama. Senti aquela presença fantasmagórica mais uma vez, mas dessa vez não tive medo. Era diferente, quase como se fossou outra pessoa... Ou criatura.

As horas passaram mais rápido do que imaginei e quando dei por mim o crepúsculo já caia lá fora.

-Ângela, não vai descer para comer?-Minha vó perguntou entrando no quarto.

-Não. Não estou com fome.

-Querida, você está bem?-Ela disse sentando-se ao meu lado e acariciando meus cabelos. -Tem tido pesadelos ,não se alimenta ,está tão pálida.

-Esta tudo bem, juro. -Era mentira, não estava nada bem. Bill estava longe de mim e Peter, ao contrario, cada vez mais perto. Eu tinha medo e algo lá no fundo dizia que deveria mesmo ter medo. -Só preciso dormi.

Fiquei perdida em meus pensamentos ate adormecer. Mais uma vez tive um daqueles sonhos perturbadores.

Estava uma sala vazia, as luzes pouco a pouco iam se apagando dando lugar ao uma escuridão assustadora. Às paredes pareciam se aproximar e no meio daquele desespero Bill apareceu. Ele estava envolto em uma luz ofuscante e afastava toda a escuridão.

-Veio me salvar?-Perguntei correndo em sua direção. Bill não respondeu em ver disso apenas me mostrou a foice que carregava consigo.

Acordei com o meu próprio grito, meu rosto estava encharcado de suor.

-Outro pesadelo?-Minha vó perguntou com um sorriso entrando no quarto.
-Que horas são?-Sentei-me na cama e com o olhar procurei meu casaco pelo quarto.

-Umas três da manhã...

-Preciso sair. -Caminhei ate o casaco, o joguei sobre a fina camisola e caminhei apressada em direção as escadas.

-AONDE VAI, ÂNGELA?!-Minha vó tentava me acompanhar, mas simplesmente a  ignorei e seguir meu caminho. Precisava encontra-lo fazia ideia de onde poderia estar.

Andei pelas ruas frias e vazias da cidade em direção a floresta, não me lembrava exatamente onde ficava a cabana para onde Bill havia me levado a semanas atrás ,mas a encontraria .

Devia estar caminhando há horas, o Sol já aparecia no horizonte quando parei em frente às antigas portas de madeira corroída por cupis. Girei a maçaneta de vagar e entrei sem fazer barulho. Bill dormia em cima de seu sobre tudo em um canto escuro do Comodo. Apesar de não ter feito barulho ele se levantou assim que me aproximei.

-O que faz aqui?-Bill perguntou vestindo a camiseta.

-To com medo. -Ele não me respondeu, apenas envolveu seus braços em volta de mim e me abraço forte. Era tudo que eu precisava. –Posso dormi aqui com você? Ainda tem algumas horas antes da escola...

-Não acho que vai ser uma boa ideia...

-Só dormi. -Bill se aproximou novamente de mim,afastou meu cabelos e deu um beijo rápido no meu pescoço.

-Nunca conseguiria simplesmente dormi sentindo o seu cheiro, o toque da sua pele na minha... Você me deixa fora de mim.
Ele escorregou suas mãos ate minha cintura e depois as subiu ate o contorno dos meus seios. Estremeci.

-Tudo bem, vou me comporta. Apenas dormi. -Bill disse com um sorriso nos lábios. -Por enquanto.


domingo, 5 de agosto de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 9


Ainda estou acordado por você
Nós não faremos isso juntos.
Não podemos esconder a verdade,
estou entregue à você agora.
Meu ultimo desejo guiará você,
antes do oceano
romper-se
debaixo de mim-Sacred


Bill parou a moto na frente da minha casa.

-Te vejo amanhã? –Perguntei lhe devolvendo o capacete.

-Eu nunca sei quando vou te ver de novo, anjo. -Ele disse descendo da moto e ficando em pé a alguns centímetros de mim. -Hoje pode ser a ultima vez... -Bill passou a mão esquerda pela minha face e escorregou a outra ate o seu bouço. -Por isso quero te dar isso.

Ele tinha uma delicada correntinha prateada nas mãos, um pingente com a forma de uma parte de asas de anjo estava preso em sua extremidade.


-Bill...

-Aceite. -Ele disse caminhando ate as minhas costas, afastando meus cabelos e prendendo a correntinha em volta do meu pescoço. –Para você lembrar-se de mim quando eu não estiver por perto. Para lembrar que eu sempre vou te proteger, mesmo quando você não puder ver.

-Acredita em anjos?-Perguntei escorregando os dedos pelo pequeno par de asas.

-Pode-se dizer que sim. –Bill deu um sorriso tímido antes de continuar. -Você não?

-Sou cética sobre essas coisas... –Observei os olhos castanhos de Bill por alguns instantes. -Por que fala como se estivesse sempre pronto para partir?

-Por que eu não quero te enganar te fazendo acreditar que vou estar aqui para sempre. Mas vou estar enquanto poder.

-Não me deixe.

Bill não disse nada apenar envolveu seus braços em volta de mim e me puxou para um abraço.
-Me espere hoje à noite. -Ele disse me dando um beijo rápido e subindo na moto. - Deixe a janela aberta.

Quando o crepúsculo caiu lá fora meu coração batia tão forte que poderia sair pulando pelo piso de madeira do meu quarto. Observei ansiosa enquanto as horas passavam. Des horas, onze,meia noite ...
Acabei por adormecer e fui despertada por lábios que tocavam suavemente os meus. Retribui o beijo ate notar a falta do piercing que Bill tinha na língua, me afastei de pressa.Não era ele .

Peter estava debruçado sobre mim e sorria alegremente vendo a minha expressão de pânico.

-Não era a mim que você esperava?-Ele perguntou passando a mão pelos meus cabelos. –Esta me traindo, querida?

-O que esta fazendo aqui?-Perguntei tentando impedir que as lágrimas rolassem pelo meu rosto.

-Dei uma passadinha no quarto da sua vô, ela dormia tão calmamente... Seria uma pena se nunca mais acordasse...

-Peter, não... Por favor.

-Você sabe o que fazer. -E dizendo isso ele caminhou ate a pequena janela e sumiu na noite.

Cerca de meia hora depois Bill entrou no quarto. Parecia alegre, mas o sorriso sumiu de seus lábios assim que colocou os pés no piso.

-Esse cheiro... Quem esteve aqui, anjo?-Estremeci quando ele segurou meus ombros me obrigando a encara-lo.

-Vai embora... -Disse em sussurro.

-O que?

-Você me  ouviu. Se gosta de mim como diz vai embora e não me peça para explicar o porque .

Bill me encarou por alguns segundos, sua expressão não transmitia nada. Era totalmente vazia. Ele apenas deu-me as costas e foi embora sem dizer uma só palavra.
Deixe-me cair no chão frio, as lágrimas rolaram uma a uma pele meu rosto e meu coração estava dividido entre o pânico e o desespero. Queria sair correndo dali e ir atrás de Bill,mas não podia .