terça-feira, 31 de julho de 2012

Na sua sombra eu posso brilhar -Capitulo 6


Eu tentei esconder um
Olhar de raiva
Disfarçando em um sorriso
Bem, você nunca saberia mesmo
Eu tinha tudo, mas não o que eu queria
Porque a esperança pra mim era como um lugar
desconhecido
e encoberto - Careful 





Minha vó gastou os dois dias seguintes nos preparativos para o enterro do meu avô. Eu sabia o quanto aquilo a machucava e isso só fazia crescer a raiva dentro de mim.

Acordei naquela manhã me sentindo pior do que me sentira durante toda a minha vida. Arrastei-me ate o pequeno banheiro e despi a camisola, antes de entrar em baixo da ducha olhei-me rapidamente no espelho. Meus olhos estavam inchados pelas noites sem dormi e pelas milhares de lágrimas que havia derramado nos últimos dias ,eles mal tinham brilho e seu verde estava mais apagado que nunca ,minha pele estava ainda mais pálida que o normal .
Eu mesma poderia ser confundida com uma morta, disse para meu reflexo dando um sorriso amargo.
Caminhei ate o boxe e me joguei em baixo da ducha. Senti meus músculos relaxares com o contado com a água morna.
Peguei um dos meus vestidos pretos e o coloquei, ele era simples tinha apenas alguns babados para dar volume à saia e nada mais, apesar disso o caimento era bom no meu corpo. Arrumei os cabelos em um coque no alto da cabeça e fiz uma maquiagem simples, apenas para disfarça as olheiras.

Quando desci as escadas minha vó já me esperava ao lado de Milena e a mãe dela que era minha tia.

-Bill vai? -Mi me perguntou quando me puxou para um abraço.

-Não.

Seguir em silêncio ate o cemitério e na primeira oportunidade que tive me afastei de todos e caminhei ate a saída. Sabia muito bem onde encontrar Peter e se ele estava pensando que mataria meu avô e ficaria por isso mesmo, estava muito enganado.

Sua casa ficava nos arredores da cidade, perto de uma mata quase inexplorada. Tinha estado lá uma ou duas vezes e tinha absoluta certeza que aquela mansão poderia ser facilmente uma locação de filme de terror.

Caminhei aproximadamente unas duas horas ate parar na frente das antigas portas de carvalho. Virei às maçanetas. Estavam abertas, entrei e dei de cara com Peter jogando no velho sofá empoeirado no meio da sala de estar .

-Eu sabia que viria. -Ele disse com um sorriso irônico. -Tenho boas lembras de nós dois nesse sofá ...

-Poupe-me do seu cinismo.

-Esta nervosinha, eu deveria saber.

Bufei.
Dei alguns passos para trás e tomei impulso  para acerta-lo com um tapa no rosto .Peter virou a face quando minha mão o atingiu ,mas apesar disso continuava sorrindo .

-POR QUE ESTÁ SORRINDO?-Gritei impaciente.

-Seu pai ficará orgulhoso. É vingativa, fria...

-Meu pai está morto e você sabe disso.

Peter não disse nada apenas me encarrou por alguns segundos, seu sorriso tinha dado lugar a uma gargalhada alta e arrepiante, ele parecia outra pessoa.

-Tão bobinha... Vou te mostrar como um de nos fazemos às coisas.

Antes que eu pudesse reagir sua mão envolveu meu pescoço e me suspendeu a alguns centímetros do chão. O ar não chegava mais aos meus pulmões, minha visão ficava cada vez mais embaçada. Odiei a mim mesma por está tão vulnerável, por não conseguir me defender e nem poderia.
Tudo ficou escuro a minha volta, perdi a consciência.

Estava frio, minhas roupas estavam completamente encharcadas e eu simplesmente não conseguia me mover. Olhei para o céu coberto de nuvens, a noite já havia caído e uma fina garoa tocava o meu rosto.

Estremeci ao ver o líquido vermelho vivido escorrer pelo meu braço. Pela primeira vez temi a morte, podia sentir seu hálito gélido.

Estava escuro de mais para ver quem se aproximava, mas podia ouvir seus passos cada vez mais próximos de mim, as lágrimas escorreram pelo meu rosto quando imaginei que talvez pudesse ser Peter voltando para acabar o que havia começado.

Senti o calor de duas mãos escorregando pela minha cintura, tentei resistir, mas simplesmente não tinha forças. Seja quem fosse não pretendia me matar, pois nos minutos seguintes ouvir o barulho de um tecido sendo resgado e logo em seguida envolvido e apertado sobre meu corte. Fui suspendida e descansei a cabeça no ombro do meu  talvez suposto salvador.

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